A Comissão Europeia (CE) aprovou o uso de trastuzumabe deruxtecana (Enhertu®, Daiichi Sankyo/AstraZeneca) como monoterapia para o tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-positivo irressecável ou metastático que receberam um ou mais regimes anti-HER2 anteriores. A aprovação é baseada nos resultados do estudo fase 3 DESTINY-Breast03, que demonstrou que o anticorpo conjugado à droga conferiu uma redução de 72% no risco de progressão da doença ou morte em comparação com trastuzumabe emtansina.
Publicado na New England Journal of Medicine (NEJM) em artigo com participação dos médicos brasileiros Vanessa Petry e Roberto Hegg, o DESTINY-Breast031 é um estudo multicêntrico, randomizado, de fase 3, que comparou a eficácia e segurança do anticorpo conjugado droga (ADC) trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) com trastuzumabe emtansina (T-DM1) em pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo previamente tratados com trastuzumabe e um taxano. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão, conforme determinado por revisão central independente cega; desfechos secundários incluíram sobrevida global, resposta objetiva e segurança.
Entre 524 pacientes randomizadas, a porcentagem das pacientes sem progressão da doença em 12 meses foi de 75,8% (95% [IC], 69,8 a 80,7) com trastuzumabe deruxtecana e 34,1% (95% IC, 27,7 a 40,5) com trastuzumabe emtansina (hazard ratio para progressão ou morte por qualquer causa, 0,28; 95% IC, 0,22 a 0,37; P <0,001). A mediana de sobrevida livre de progressão ainda não foi alcançada para trastuzumabe deruxtecana (a última avaliação foi realizada em 18,5 meses de tratamento), em comparação com 6,8 meses para trastuzumabe entansina, conforme avaliação por revisão central independente.
Na publicação da NEJM, a sobrevida global em 12 meses foi de 94,1% (95% IC, 90,3 a 96,4) com trastuzumabe deruxtecana e 85,9% (95% IC, 80,9 a 89,7) com trastuzumabe emtansina (hazard ratio para morte, 0,55; 95% IC, 0,36 a 0,86; limite de significância pré-especificado não alcançado). Uma resposta global (resposta completa ou parcial) ocorreu em 79,7% (95% IC, 74,3 a 84,4) das pacientes que receberam trastuzumabe deruxtecana e em 34,2% (95% IC, 28,5 a 40,3) daquelas que receberam trastuzumabe emtansina.
Resultados adicionais do DESTINY-Breast03 Fase III mostraram que no desfecho secundário de sobrevida global (SG), houve uma forte tendência de melhora com trastuzumabe deruxtecana (HR 0,55; 95% CI 0,36-0,86). Os dados ainda não estão maduros e um acompanhamento adicional está em andamento. Quase todos os pacientes (96,1%) tratados com T-DXd estavam vivos aos nove meses em comparação com 91,3% dos pacientes tratados com T-DM1. A taxa de resposta objetiva confirmada (ORR) foi mais que dobrou no braço do ADC versus o braço T-DM1 (79,7% vs. 34,2%).
A segurança foi avaliada em uma análise conjunta de 573 pacientes em vários tipos de tumores que receberam pelo menos uma dose de T-DXd (5,4 mg/kg) em ensaios clínicos. As reações adversas mais comuns foram náuseas (77,0%), fadiga (57,2%), vômitos (46,8%), alopecia (38,0%) e neutropenia (34,6%).
Casos de doença pulmonar intersticial (DPI) ou pneumonite foram relatados em 12,0% dos pacientes. A maioria dos casos de DPI foi de grau 1 (2,6%) e grau 2 (7,3%). Casos de grau 3 ocorreram em 0,7% dos pacientes, nenhum caso de grau 4 ocorreu e casos de grau 5 ocorreram em 1,4% dos pacientes.
Na Europa, mais de 530 mil pacientes são diagnosticados com câncer de mama a cada ano.2 Aproximadamente um em cada cinco pacientes com câncer de mama é considerado HER2-positivo.3 Apesar do tratamento inicial com trastuzumabe, pertuzumabe e um taxano, pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo frequentemente irão experimentar progressão da doença.4,5
Referências:
1. Cortes J, et al. Trastuzumab Deruxtecan versus Trastuzumab Emtansine for Breast Cancer. N Engl J Med. 2022; 386:1143-1154.
2. Globocan 2020. Europe Fact Sheets. Available at: https://gco.iarc.fr/today/data/factsheets/populations/908-europe-fact-sheets.pdf. Last accessed: July 2022.
3. Ahn S, et al. HER2 status in breast cancer: changes in guidelines and complicating factors for interpretation. J Pathol Transl Med. 2020; 54(1): 34-44.
4. Barok M, et al. Trastuzumab emtansine: mechanism of action and drug resistance. Breast Cancer Res. 2014; 16(2):209.
5. Nader-Marta G, et al. How we treat patients with metastatic HER2-positive breast cancer. ESMO Open. 2022; 7:1.