Estudo brasileiro buscou avaliar o grau de conhecimento, atitudes e práticas de vigilância ativa para pacientes com câncer de próstata entre urologistas no Brasil. O urologista Marcelo Wroclawski é o primeiro autor do trabalho publicado na BMC Urology.
“A vigilância ativa (AS) é o tratamento recomendado para pacientes com câncer de próstata (CaP) de risco muito baixo e baixo, mas é subutilizada em todo o mundo”, observam os autores.
Esse estudo transversal utilizou um questionário com 50 questões divididas em características dos participantes, conhecimento sobre critérios de inclusão para vigilância ativa, seguimento, gatilhos de intervenção, aceitação e prática para um paciente índice. A análise dos dados compreendeu as frequências absolutas e relativas das variáveis. Em seguida, foi realizada uma regressão logística para verificar possíveis padrões de respostas fornecidas pelos respondentes no questionário do paciente índice. Os questionários foram enviados por meio da plataforma SurveyMonkey® para 5.015 urologistas usando endereços de e-mail e redes sociais.
Resultados
Um total de 600 (12%) questionários retornaram e 413 (8,2%) foram preenchidos e incluídos na análise. Apenas 53% dos urologistas disseram adotar a vigilância ativa em pacientes com câncer de próstata de risco muito baixo e baixo. Os critérios de inclusão foram pacientes com idade > 50 anos (32,2%), PSA < 10 ng/mL (87,2%), estágio clínico T1 (80,4%), escore de biópsia de Gleason ≤ 6, fragmentos positivos ≤ 2 (44,3) %), acometimento < 50% do fragmento (45,3%) e achados de ressonância magnética (38,7%).
O tempo de duplicação do PSA ainda foi utilizado por 60,3% dos respondentes. Biópsia confirmatória (55,9%), nível de PSA (36,6%) e toque retal (34,4%) foram considerados pela maioria dos urologistas para acompanhamento. A preferência do paciente (85,7%), a elevação do escore de Gleason (73,4%) e o aumento do número de fragmentos positivos (66,8%) foram associados à conversão para tratamento definitivo. Em um paciente índice, a não aceitação e a solicitação de tratamento ativo foram os motivos mais citados para a não realização da vigilância ativa.
“Existe uma variabilidade significativa na prática de vigilância ativa para pacientes com câncer de próstata no Brasil, o que indica a necessidade de reforço da estratégia, seus critérios de inclusão e seguimento e os benefícios para médicos e população em geral”, concluíram os autores.
Referência: Wroclawski ML, Amaral BS, Kayano PP, Busato WFS Jr, Westphal SJ, Montagna E, Bianco B, Soares A, Maluf FC, Lemos GC, Carneiro A. Knowledge, attitudes, and practices of active surveillance in prostate cancer among urologists: a real-life survey from Brazil. BMC Urol. 2022 Jun 15;22(1):86. doi: 10.1186/s12894-022-01036-1. PMID: 35706024; PMCID: PMC9199143.