O International Study Group Of Hepatopancreatobiliary Cancer (ISG-HPB-Cancer) desenvolveu o primeiro consenso brasileiro para o manejo de pacientes com carcinoma incidental da vesícula biliar. O trabalho é liderado pelos cirurgiões Orlando Torres (foto), Diretor do Departamento de Cirurgia Gastrointestinal - Unidade Hepatopancreatobiliar – da Universidade Federal do Maranhão, e Felipe Coimbra, diretor do Departamento de Cirurgia Abdominal do AC Camargo Cancer Center.
O ISG-HPB-Cancer foi criado pelos cirurgiões com o objetivo exclusivo de desenvolver a pesquisa e produção científica em doenças malignas do sistema Hepato-Pancreato-Biliar na América Latina. A depender do tema, especialistas nas mais diversas áreas - oncologia clínica, cirurgia, radioterapia, patologia, imagem e pesquisa básica – compõem a aliança no desenvolvimento de cada estudo.
“O carcinoma incidental da vesícula biliar é uma neoplasia descoberta por exame histológico após colecistectomia videolaparoscópica. Apesar de potencialmente curável, algumas questões relacionadas ao seu manejo permanecem controversas e uma estratégia definida está associada com um melhor prognóstico”, explicam os autores.
Para a realização do Consenso, dezesseis questões foram selecionadas e encaminhadas a um Painel de Especialistas composto por 36 membros de sociedades brasileiras e internacionais que abordam o tema. As recomendações foram baseadas em evidências da literatura, e um relatório final foi enviado para os membros do painel para avaliação de concordância.
O documento recomenda a avaliação intraoperatória da peça cirúrgica, o uso de bolsas de proteção para retirar a peça cirúrgica e o exame histopatológico de rotina. “A avaliação pré-operatória completa é necessária e deve ser realizada assim que o estadiamento final esteja disponível. A avaliação da margem do ducto cístico e biópsia de rotina do linfonodo 16b1 são recomendadas”, destaca o Consenso.
Os autores sinalizam que a quimioterapia deve ser considerada para os casos mais avançados e a quimiorradioterapia indicada se a margem cirúrgica microscópica for positiva. “Os portais devem ser ressecados excepcionalmente. Para os casos com indicação de re-operação, o estadiamento laparoscópico antes da cirurgia de ampliação de margens é recomendado, mas o tratamento radical por abordagem minimamente invasiva deve ser realizado apenas em centros especializados em cirurgia hepatopancreatobiliar minimamente invasiva”, defendem.
“A extensão da ressecção hepática é aceitável até que seja alcançada a ressecção R0, e a linfadenectomia padrão é indicada para tumores iguais ou superiores a T2, mas a ressecção da via biliar não é recomendada de rotina”, acrescentam.
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Referência: Brazilian Consensus on Incidental Gallbladder Carcinoma - Grupo Internacional de Estudos de Câncer Hepatopancreatobiliar - ISG-HPB-Cancer - ABCD Arq Bras Cir Dig - 2020;33(1):e1496 - DOI: https://doi.org/10.1590/0102-672020190001e1496