Em recente publicação no Lancet Oncology (Lancet Oncol 2016; 17: e383–91) Goldbrunner e colaboradores criaram uma força-tarefa para estabelecer recomendações da Associação Europeia de Neuro-Oncologia (EANO) no tratamento dos meningiomas. Estes tumores são os mais frequentes no SNC, mas existem poucos estudos desenhados adequadamente comparando as possibilidades terapêuticas. As recomendações foram sugeridas após revisão sistemática da literatura, mas limitando-se a grau de recomendação B, C ou opinião de experts. O cirurgião Marcos Maldaun, presidente da Sociedade Latinoamericana de Neuro-Oncologia (SNOLA), comenta para o Onconews.
{jathumbnail off}Diagnóstico
· O diagnóstico radiológico deve ser feito por ressonância magnética;
· Angiografia deve ser limitada a casos específicos e excepcionalmente;
· Tecido tumoral deve ser guardado para futuros estudos moleculares;
· A verificação histológica, gradação adequada é importante, mas não mandatória em todos os casos.
Tratamento
· Em pacientes assintomáticos, principalmente idosos, o acompanhamento clínico e por imagens pode ser indicado;
· Se o tratamento for indicado para qualquer classificação histológica, a cirurgia deve sempre ser considerada a primeira opção;
· A ressecção completa (Simpson 1) deve ser sempre o primeiro objetivo cirúrgico;
· Grau de ressecção sempre deve ser confirmado com Ressonância no pós-operatório;
· Radiocirurgia pode ser primeira opção para paciente com lesões pequenas em localizações especificas de difícil acesso cirúrgico;
· Em pacientes com meningioma grau 1 que não podem realizar cirurgia, a radioterapia fracionada ou a radiocirurgia deve ser considerada;
· Embolização só em casos restritos;
· Combinação de ressecção subtotal dos tumores com radioterapia fracionada ou radiocirurgia pode ser considerada opção de tratamento na prevenção de eventos adversos da progressão da doença;
· Pacientes com ressecção incompleta com meningiomas grau II devem receber radioterapia fracionada ou radiocirurgia;
· Farmacoterapia é experimental em qualquer grau de meningioma, devendo apenas ser considerada opção de tratamento se desconsiderar nova radioterapia ou cirurgia para paciente.
Acompanhamento
· Acompanhamento para meningiomas grau I deve ser feito anualmente até 5 anos e depois bianualmente;
· Acompanhamento de meningiomas grau II deve ser feito cada 6 meses por 5 anos e depois anualmente;
· Acompanhamento de meningiomas grau III deve ser feito cada 3 meses.
Critérios RANO para meningioma já estão sendo elaborados para otimizar a interpretação radiológica no tratamento destes tumores.
Dentre as opções de tratamento sistêmico destacam-se com boa perspectiva futura a terapia-alvo com inibidores AKT, inibidores Hedgehog, inibidores FAK, anti-angiogênicos, inibidores PI3K e trabectedin.
A tabela abaixo resume o fluxograma sugerido para estes pacientes.
Referência: EANO guidelines for the diagnosis and treatment of meningiomas - Goldbrunner, Roland et al.
The Lancet Oncology , Volume 17 , Issue 9 , e383 - e391