Temas que estão na fronteira concentraram as atenções no 23º Congresso anual da European Hematologic Association (EHA), realizado de 14 a 17 de junho em Estocolmo, Suécia. Entre os destaques do programa científico do primeiro dia, a EHA 2018 trouxe novos dados sobre o papel do microbioma no transplante alogênico, em apresentação oral de Roni Shouval (Abstract S126), assim como apresentou os resultados da análise interina do estudo RELEVANCE no linfoma folicular (Abstract S 154). A terapia CAR T Cell bb2121 mostrou resultados encorajadores em mieloma múltiplo em pacientes politratados (Abstract S138), em apresentação de Jesus G. Berdeja.
No sábado, 16 de junho, pelo menos dois estudos selecionados para apresentação oral devem impactar a prática clínica. Um é o iNNOVATE, ensaio que avaliou ibrutinibe e rituximabe em pacientes com macroglobulinemia de Waldenstrom (S 852). Os resultados foram apresentados por Meletios Dimopoulos, da Universidade de Atenas, e mostram que a eficácia da combinação ibrutinibe-rituximabe foi superior a do braço placebo-rituximabe, com benefício de sobrevida livre de progressão em todos os pacientes, independentemente de fatores prognósticos ou genotípicos. Com base nesses resultados, a RI deve ser considerada uma opção terapêutica padrão para pacientes com MW.
Outro destaque apontado pela organização da EHA mostra tendências e mais uma vez apostou nos anticorpos droga-conjugados, com a atualização de polatuzumab vedotin no linfoma difuso de grandes células B (Abstract S 802).
Estudos selecionados como Late Breaking Abstracts dominaram o programa científico de domingo, 17 de junho. É o caso do ELOQUENT-3, que avaliou a combinação de elotuzumab e pomalidomida/dexametasona no tratamento do mieloma múltiplo refratário/ recidivado (LB2606).
A sessão de LBAs trouxe ainda um acompanhamento de longo prazo em doadores e receptores de transplante alogênico de células-tronco hematopoiético (LB2605); um trabalho que busca caracterizar o papel e a dinâmica da estrutura da cromatina 3D durante a diferenciação de células B normais e neoplásica; além da iniciativa da European Research Initiative on CLL (ERIC) que avalia cenário a prevalência de mutações BTK e PLCG2 em pacientes com leucemia linfocítica crônica (LLC) que recidivam ou respondem ao tratamento com ibrutinibe em um cenário de mundo real (LBA2601).