A brasileira Elisabete Weiderpass (foto), Diretora da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, é coautora de estudo prospectivo internacional que avaliou 15.784 participantes da coorte EPIC (European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition). Os resultados foram publicados em junho na BMC Medicine e mostram que indivíduos com esteatose hepática ou disfunção metabólica têm maior risco de mortalidade geral e por causa específica, incluindo câncer.
A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) e a síndrome metabólica (SM) estão implicadas na etiologia de doenças não transmissíveis. Neste estudo, o objetivo foi avaliar associações entre DHGNA e SM com mortalidade geral e por causa específica.
Os pesquisadores consideraram informações sobre dieta, estilo de vida, dados antropométricos e biomarcadores metabólicos de 15.784 participantes da coorte EPIC. A DHGNA foi avaliada usando o índice de fígado gorduroso (FLI, fatty liver index), enquanto a SM foi avaliada usando a definição revisada. Foram calculados os índices para doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (DHEDM). As associações individuais desses índices com mortalidade geral e por causa específica foram avaliadas usando modelos de riscos proporcionais de Cox multivariáveis para estimar razões de risco (HRs) e intervalos de confiança de 95% (ICs de 95%).
Entre os 15.784 participantes, os autores descrevem 1.997 mortes (835 por câncer, 520 por doenças cardiovasculares, 642 por outras causas) ao longo de uma mediana de 15,6 (IQR, 12,3-17,1) anos de acompanhamento. Comparado a um FLI < 30, o FLI ≥ 60 foi associado a riscos aumentados de mortalidade geral (HR = 1,44, IC 95% = 1,27-1,63), mortes por câncer (HR = 1,32, IC 95% = 1,09-1,60), por doenças cardiovasculares (HR = 2,06, IC 95% = 1,61-2,63) ou por outras causas (HR = 1,21, IC 95% = 0,97-1,51).
A análise revela que os riscos associados à mortalidade foram elevados para indivíduos com DHEDM em comparação com aqueles sem. Indivíduos com doença hepática metabólica relacionada ao álcool também apresentaram risco aumentado de todos os desfechos de mortalidade, exceto mortalidade específica por câncer.
“Nossos achados baseados em uma coorte prospectiva sugerem que indivíduos com esteatose hepática ou disfunção metabólica têm maior risco de mortalidade geral e específica”, concluem os autores, destacando principalmente o risco ampliado de morte por doenças cardiovasculares e câncer.
Referência:
Mayén AL, Sabra M, Aglago EK, Perlemuter G, Voican C, Ramos I, Debras C, Blanco J, Viallon V, Ferrari P, Olsen A, Tjønneland A, Langmann F, Dahm CC, Rothwell J, Laouali N, Marques C, Schulze MB, Katzke V, Kaaks R, Palli D, Macciotta A, Panico S, Tumino R, Agnoli C, Farràs M, Molina-Montes E, Amiano P, Chirlaque MD, Castilla J, Werner M, Bodén S, Heath AK, Tsilidis K, Aune D, Weiderpass E, Freisling H, Gunter MJ, Jenab M. Hepatic steatosis, metabolic dysfunction and risk of mortality: findings from a multinational prospective cohort study. BMC Med. 2024 Jun 3;22(1):221. doi: 10.1186/s12916-024-03366-3. PMID: 38825687; PMCID: PMC11145823.
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38831273/
