Onconews - Estratégias de preservação da fertilidade em mulheres com câncer de mama

gravidez bxEstudo de coorte nacional sueco investigou a adoção de estratégias de preservação da fertilidade (PF) em mulheres com câncer de mama no período de 1994 a 2017. Os resultados foram comparados com dados reprodutivos de longo prazo de mulheres com câncer de mama que não participaram de programas de preservação da fertilidade.

Nesta análise, os pesquisadores compararam mulheres com câncer de mama inscritas em programas de PF (N= 425) versus mulheres com câncer de mama sem histórico de PF (N= 850) pareadas por idade, período do diagnóstico e localidade. Dados sobre nascidos vivos, mortalidade e uso de técnicas de reprodução assistida (TRA) foram recuperados de registros de base populacional. A análise foi realizada de janeiro a setembro de 2020. O desfecho primário considerou as razões de risco (HRs) de nascidos vivos de mulheres que receberam tratamento para câncer de mama, com e sem estratégias de preservação de fertilidade.

Resultados

Mulheres que se submeteram a PF (n = 425) eram mais jovens (média de idade, 32,1 [4,0] vs 33,3 [3,6] anos), frequentemente tinham tumores positivos para receptor de estrogênio (289 [68,0%] vs 515 [60,6%]), e foram mais frequentemente tratadas com quimioterapia (399 [93,9%] vs 745 [87,7%]).

De 425 mulheres expostas à estratégias de preservação de fertilidade, 97 (22,8%) tiveram pelo menos 1 filho nascido vivo após o câncer de mama (seguimento médio, 4,6 anos), em comparação com 74 de 850 mulheres (8,7%) não expostas à PF (seguimento médio, 4,8 anos). No geral, as taxas de nascidos vivos após o câncer de mama foram significativamente maiores entre mulheres com PF (razão de risco ajustada [aHR], 2,3; IC de 95%, 1,6-3,3). A incidência cumulativa de nascidos vivos pós-câncer de mama em 5 e 10 anos foi de 19,4% e 40,7% entre mulheres expostas à PF vs 8,6% e 15,8% entre os comparadores, respectivamente. As taxas de uso de TRA também foram maiores no grupo de PF (aHR, 4,8; IC 95%, 2,2-10,7). A taxa de mortalidade por todas as causas foi menor em mulheres expostas à PF (aHR, 0,4; IC de 95%, 0,3-0,7), com incidência cumulativa de morte em 5 anos de 5,3% (IC de 95%, 3,1% -9,0%) vs 11,1% (IC de 95%, 8,7% -14,1%) para mulheres com vs sem FP.

“Neste estudo de coorte de mulheres suecas após diagnóstico de câncer de mama, a gravidez bem sucedida ocorreu em mulheres com e sem PF no momento do diagnóstico, mas uma probabilidade significativamente maior de nascidos vivos foi observada em mulheres que se submeteram à PF”, concluem os autores. “Esta informação é valiosa para os médicos responsáveis ​​pela área oncológica e deve subsidiar estratégias de aconselhamento reprodutivo em mulheres com diagnóstico de câncer de mama em idade reprodutiva”, destacam.

Referência: Marklund A, Lundberg FE, Eloranta S, Hedayati E, Pettersson K, Rodriguez-Wallberg KA. Reproductive Outcomes After Breast Cancer in Women With vs Without Fertility Preservation. JAMA Oncol. Published online November 19, 2020. doi:10.1001/jamaoncol.2020.5957