A Sociedade Europeia de Radioterapia (ESTRO, da sigla em inglês) publicou um guideline com recomendações para a radioterapia pós-mastectomia em pacientes que receberam reconstrução imediata com próteses mamárias. O trabalho tem a participação do brasileiro Gustavo Nader Marta, radio-oncologista do ICESP e do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e discute a importância de ajustar o volume-alvo.
As taxas de reconstrução mamária imediata (IBR) pós mastectomia têm crescido e o objetivo das novas diretrizes é trazer recomendações para a radioterapia (RT) nesse perfil de pacientes, endossadas por um grupo multidisciplinar global de especialistas em câncer de mama. As recomendações partem da compreensão completa dos procedimentos cirúrgicos, levando em conta estágio da doença, padrões de recorrência e a técnica de radioterapia empregada.
“Utilizando RT baseada em volume-alvo, pretendemos reduzir potenciais complicações”, argumentam os autores, com recomendações para ajustar o volume alvo aos tecidos em risco de recorrência. “É necessário que os pacientes tratados de acordo com as diretrizes atuais sejam cuidadosamente monitorados em termos de avaliação oncológica, segurança, toxicidade do tratamento e resultado cosmético”, sustentam os autores.
Para o oncologista brasileiro, o novo guideline é um passo adiante. “A recomendação da ESTRO de definição dos volumes de radioterapia para pacientes submetidas à reconstrução mamária com prótese traz uma visão mais moderna do que a praticada nos EUA. Isso porque a diretriz recomenda delimitar o volume de tratamento nas áreas em que existe tecido glandular residual, não sendo, portanto, necessário a inclusão da prótese no volume-alvo. Isso pode resultar em menores taxas de efeitos colaterais a longo prazo para as pacientes.
Referências: Kaidar-Person, O., Vrou Offersen, B., Hol, S., Arenas, M., Aristei, C., Bourgier, C., ... Poortmans, P. (2019). ESTRO consensus guideline for target volume delineation in the setting of postmastectomy radiation therapy after implant-based immediate reconstruction for early stage breast cancer. Radiotherapy and Oncology, 137, 159–166. doi:10.1016/j.radonc.2019.04.010