Estudo de coorte publicado no JAMA Network Open demonstrou que durvalumabe após quimiorradioterapia foi associado a menor risco de progressão e/ou morte em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas estágio III irressecável. “Os resultados são consistentes com o estudo de fase 3 PACIFIC e apoiam o uso continuado de durvalumabe de consolidação após quimiorradioterapia como padrão de tratamento para essa população de pacientes”, afirmaram os autores.
O estudo PACIFIC estabeleceu a consolidação do durvalumabe como padrão de tratamento após quimiorradioterapia (QRT) para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) irressecável em estágio III. Nesse estudo, os pesquisadores buscaram confirmar seu benefício na prática clínica de rotina.
Nesse estudo de coorte retrospectivo (SPOTLIGHT) foram selecionadas duas coortes pré-especificadas, e foram analisados dados desidentificados de pacientes de um banco de dados norte-americano (Flatiron Health). Os pacientes apresentavam CPCNP estágio III irressecável, diagnosticados após 1º de janeiro de 2011, com 2 ou mais consultas posteriores e recebeam quimiorradioterapia. Os dados foram analisados entre maio de 2021 e outubro de 2023.
Os pacientes iniciaram durvalumabe após quimiorradioterapia (coorte de durvalumabe) ou terminaram a QRT sem durvalumabe (coorte não durvalumabe) até 30 de junho de 2019, para permitir 15 meses ou mais de acompanhamento a partir do final da quimiorradioterapia.
Os endpoints incluíram sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida global (SG), tempo até a primeira terapia subsequente ou morte (TFST) e tempo até metástase à distância ou morte (TTDM).
Resultados
A coorte de durvalumabe incluiu 332 pacientes (idade mediana [IQR], 67,5 [60,8-74,0] anos; 187 eram do sexo masculino [56,3%], 27 eram negros [8,7%], 33 eram de outras raças [10,7%] e 249 eram brancos [80,6%]) e a coorte sem durvalumabe incluiu 137 pacientes (idade mediana (IQR), 70,0 [64,0-75,0] anos; 89 [65,0%] eram do sexo masculino, 11 [8,9%] eram negros, 19 [15,4%] eram outras raças, e 93 [75,6%] eram brancos).
A maioria dos pacientes tinha histórico de tabagismo (durvalumabe, 316 pacientes [95,2%] e não durvalumabe, 132 pacientes [96,4%]) e performance status ECOG de 0 a 1 (durvalumabe, 251 pacientes [90,9%] e não durvalumabe, 88 pacientes [81,5%]).
A mediana de duração (IQR) da quimiorradioterapia foi de 1,6 (1,4-1,8) meses para a coorte de durvalumabe e de 1,5 (1,4-1,8) meses para a coorte de não durvalumabe. O tempo médio até a descontinuação de durvalumabe foi de 9,5 meses (95% CI, 7,8-10,6 meses). As medianas de tempo até a primeira terapia subsequente ou morte (TFST) e tempo até metástase à distância ou morte (TTDM) não foram alcançadas (NR) na coorte de durvalumabe e foram 8,3 meses (95% CI, 4,8-11,8 meses) e 11,3 meses (95% CI, 6,4-14,5 meses), respectivamente, na coorte de não durvalumabe.
A mediana de SLP e SG foi de 17,5 meses (95% CI, 13,6-24,8 meses) e não alcançada na coorte de durvalumabe e 7,6 meses (95% CI, 5,2-9,8 meses) e 19,4 meses (95% CI, 11,7-24,0 meses) na coorte sem durvalumabe.
Nas análises de regressão de Cox de pacientes que completaram QRT concomitante sem progressão, durvalumabe foi associado a um menor risco de progressão ou morte (hazard ratio [HR], 0,36; 95% CI, 0,26-0,51) e menor risco de morte (HR, 0,27; 95% CI, 0,16-0,43), ajustado para agente de platina anterior e características do paciente.
“Os resultados foram consistentes com o estudo PACIFIC e durvalumabe foi associado a um menor risco de progressão e/ou morte. Mais investigações são necessárias para explicar por que os pacientes não receberam durvalumabe após sua aprovação”, concluíram os autores.
Referência: Mooradian MJ, Cai L, Wang A, Qiao Y, Chander P, Whitaker RM. Durvalumab After Chemoradiotherapy in Patients With Unresectable Stage III Non–Small Cell Lung Cancer. JAMA Netw Open. 2024;7(4):e247542. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.7542