Estudo de mundo real mostrou a viabilidade e a replicabilidade do uso do anti PD-L1 cemiplimabe no câncer cervical avançado, em uma prática já adotada na Itália. Os resultados são do estudo MITO44 e foram relatados por Tuninetti et al. no European Journal of Cancer.
Cemiplimabe é um anticorpo monoclonal da imunoglobulina G4 que tem como alvo o receptor de morte celular programada-1. Com base nos resultados do ensaio EMPOWER-Cervical 1/GOG-3016/ENGOTcx9, que demonstrou sobrevida significativamente mais longa com cemiplimabe do que com quimioterapia de agente único entre pacientes com câncer cervical (CC) recorrente após quimioterapia de primeira linha contendo platina (12,0 meses vs. 8,5 meses; hazard ratio 0 ,69; 95% confidence interval [CI], 0,56 a 0,84; P<0.001), a Itália mantém um programa com cemiplimabe para pacientes com CC avançado tratadas com quimioterapia à base de platina.
Neste estudo de coorte retrospectivo e multicêntrico, com participação de 12 centros italianos, o objetivo foi descrever os resultados clínicos de pacientes com CC avançado tratadas com cemiplimabe no cenário de mundo real. O endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP). Endpoints secundários incluíram taxa de resposta global (ORR), sobrevida global (SG) e dados de segurança.
De março de 2022 a dezembro de 2023, um total de 135 pacientes foram tratadas em 12 Centros de ensaios Multicêntricos Italianos em Câncer de Ovário e Malignidades Ginecológicas (MITO). Quarenta e dois por cento das pacientes apresentavam uma ou mais comorbidades, sendo a hipertensão a mais comum (23,4%). A sobrevida livre de progressão (SLP) mediana foi de 4,0 meses (intervalo 3,0-6,0) e a SG mediana foi de 12,0 meses (12,0-NR), sem diferenças de acordo com o status de PD-L1.
Os resultados de Tuninetti et al. mostral que 8,6% alcançaram resposta completa (CR) ou nenhuma evidência de doença (NED); resposta parcial (RP) foi observada em 21,1%, doença estável (SD) em 14,8% e progressão foi registrada em 44,5% das pacientes.
Em relação à segurança, os eventos adversos (EAs) relacionados a medicamentos mais comuns foram anemia (39,1%) e fadiga (27,8%). EAs relacionados ao sistema imunológico ocorreram em 18,0%.
“Este estudo confirma a viabilidade e a replicabilidade do uso de cemiplimabe no CC avançado, em uma prática real na Itália”, concluem os autores.
Apesar dos programas de rastreamento validados para o câncer do colo do útero utilizando avaliação citológica e detecção de DNA do papilomavírus humano de alto risco, além de vacinas profiláticas eficazes, aproximadamente 600 mil novos casos de câncer do colo do útero ocorrem em todo o mundo anualmente, com 350 mil mortes a cada ano.
Mesmo com benefício na sobrevida global conferido pela terapia antiangiogênica, a maioria das pacientes apresenta progressão após tratamento de primeira linha contendo platina, o que evidencia a necessidade urgente de novas opções de tratamento.
Referência: Published:March 30, 2024. DOI:https://doi.org/10.1016/j.ejca.2024.114039