Mulheres mais velhas submetidas à mastectomia e reconstrução mamária para o câncer de mama expressam o mesmo grau de satisfação que as mais jovens, sem aumento significativo no risco de complicações. É o que concluiu estudo prospectivo que avaliou 1.531 mulheres em 11 instituições nos Estados Unidos e Canadá. Os resultados foram publicados no Journal of the American College of Surgeons1.
Entre fevereiro de 2012 e julho de 2016, mulheres com vários tipos de reconstrução da mama em diferentes populações foram selecionadas para participar do Mastectomy Reconstruction Outcomes Consortium (MROC). O artigo de Wilkins e colegas traz dados sobre imagem corporal, qualidade de vida e saúde geral, dois anos depois da cirurgia reconstrutora.
Métodos
As pacientes selecionadas foram categorizadas por faixa etária. Entre as 1531 mulheres inscritas, 494 tinham menos de 45 anos de idade; 803 tinham entre 45 e 60 anos, e 234 pacientes tinham acima de 60 anos.
Os pesquisadores definiram taxas para qualquer tipo de complicação e taxas específicas para as complicações graves, associadas à cirurgia ou internação hospitalar.
Para avaliar o grau de satisfação das pacientes e suas percepções de bem-estar
psicossocial, físico e sexual após a reconstrução da mama foi utilizado o BREAST-Q como instrumento de coleta.
As taxas de complicação também variaram de acordo com o procedimento cirúrgico, como, por exemplo, o uso de implante ou de tecido da própria paciente.
Resultados
Entre as mulheres que receberam implantes cirúrgicos, a taxa para qualquer complicação foi de 22% no grupo etário mais jovem, de 27% no grupo de meia-idade, e de 29% no grupo mais velho. A taxa de complicação grave entre as mulheres que fizeram a reconstrução a partir do próprio tecido foi de 33% entre as mais jovens, 29% nas mulheres de meia-idade, e de 31% entre as mais velhas.
Apenas um grupo de mulheres expressou um ligeiro declínio no grau de satisfação após a reconstrução da mama. Entre as mulheres mais velhas que receberam implante, a pontuação no MAMA-Q foi de 60,9 no pré-operatório e de 59,2 depois. Os demais grupos se revelaram satisfeitos com a reconstrução.
Para Edwin G. Wilkins, principal autora do estudo, “cirurgiões e pacientes podem ter noções preconcebidas e julgar que a reconstrução da mama não é uma boa opção em mulheres mais velhas. Segundo as conclusões deste estudo, a reconstrução proporciona benefícios de qualidade de vida e imagem corporal e a idade não afetou significativamente as complicações", destacou.
Referência: Effect of Patient Age on Outcomes in Breast Reconstruction: Results from a Multicenter Prospective Study - Journal of the American College of Surgeons. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.jamcollsurg.2016.09.003