Exercícios de resistência muscular associados à prática de atividades aeróbicas podem ajudar a prevenir certos tipos de câncer, especialmente o câncer de bexiga e renal. Os resultados são de estudo realizado por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e da Faculdade de Medicina da USP, em parceria com a Universidade de Harvard, e foram publicados no British Journal of Cancer. “Nossos dados ressaltam a importância da atividade física, aeróbica e de força muscular, na prevenção da doença”, destaca Leandro Fórnias Machado de Rezende (foto), pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e primeiro autor do trabalho.
A prática regular de atividade física tem sido amplamente recomendada para pacientes e sobreviventes de câncer, com número crescente de estudos e diretrizes que apoiam a prática. No entanto, ainda não está claro se o treinamento de resistência está associado à diminuição do risco de câncer, independentemente da atividade física total.
Nesse estudo de coorte prospectivo, os pesquisadores acompanharam 33.787 homens do Health Professionals Follow-up Study (1992–2014). A média cumulativa do treinamento de resistência (horas/semana) foi avaliada por meio de questionários bienais até 2 anos antes do diagnóstico do câncer.
Resultados
Durante 521.221 pessoas/ano de follow-up, foram documentados 5.158 casos de câncer. O treinamento de resistência não foi associado ao risco total de câncer (HR por aumento de 1h/semana: 1,01; 95% CI 0,97, 1,05). Foi encontrada uma associação inversa entre treinamento de resistência e câncer de bexiga (HR por aumento de 1h/semana: 0,80; 95% CI 0,66, 0,96) e câncer renal (HR por aumento de 1h/semana 0,77; 95% CI 0,58, 1,03 ; Ptrend = 0,06), mas a associação para câncer renal foi marginal após ajuste para fatores de confusão e atividade física total.
Em comparação com os participantes envolvidos apenas em atividades aeróbicas, o treinamento de resistência combinado às atividades aeróbicas mostrou associações inversas mais fortes com o risco de câncer renal.
“O treinamento de resistência foi associado a menor risco de câncer de bexiga e rim. Não foram encontradas associações entre a prática de exercícios de força muscular e risco de câncer em tumores de cólon, próstata, pulmão, linfoma, pâncreas, leucemia, mieloma múltiplo e esôfago. Estudos futuros são necessários para confirmar nossos achados”, conclui Rezende.
Referência: Resistance training and total and site-specific cancer risk: a prospective cohort study of 33,787 US men - Leandro F. M. Rezende, Dong Hoon Lee, NaNa Keum, Kana Wu, José Eluf-Neto, Fred K. Tabung and Edward L. Giovannucci - British Journal of Cancer - https://doi.org/10.1038/s41416-020-0921-8