A oncologista Mariana Scaranti (foto), ex-fellow do The Royal Marsden NHS Foundation Trust e médica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP, é primeira autora de artigo de revisão publicado no Nature Reviews Clinical Oncology que descreve o status atual da pesquisa sobre receptor de folato α (FRα) no câncer, incluindo dados de ensaios clínicos com terapias direcionadas ao FRα e o uso de novas tecnologias em diagnóstico que utilizam o FRα como marcador.
A ligação ao FRα é um dos vários métodos pelos quais o folato é absorvido pelas células. No entanto, este receptor é um alvo atraente de drogas anticâncer devido à superexpressão de FRα em uma variedade de tumores sólidos, incluindo câncer de ovário, pulmão e mama.
“Em tecidos normais a expressão de FRα é escassa. Por outro lado, a expressão diferencial e abundante deste receptor em células cancerosas, notadamente em câncer de ovário, torna esta glicoproteína um potencial alvo no tratamento e diagnóstico de neoplasias. Em teoria, essa particularidade nos permitiria entregar uma terapia citotóxica exclusivamente para o tecido doente, poupando tecidos saudáveis e portanto, com menor toxicidade associada ao tratamento”, explica Mariana.
A oncologista destaca os recentes avanços em ensaios clínicos com anticorpo droga-conjugado, anticorpos monoclonais, e moléculas pequenas cujo alvo é o FRα. “Em câncer de ovário resistente à platina, por exemplo, um anticorpo droga-conjugado contra FRα (mirvetuximab-soravtansine) está em avaliação em estudo fase III com pacientes que apresentam tumores com alta expressão FRα por imunohistoquímica; os resultados são promissores, mas há muito ainda a ser feito em termos de pesquisa para determinar a real aplicabilidade deste marcador e possível alvo terapêutico na prática clínica”, conclui.
Referência: Scaranti, M., Cojocaru, E., Banerjee, S. et al. Exploiting the folate receptor α in oncology. Nat Rev Clin Oncol (2020). https://doi.org/10.1038/s41571-020-0339-5