Estudo apresentado no WCLC 2018 demonstrou que mulheres com câncer de pulmão não-tabagistas apresentam taxas de exposição à poluição do ar significativamente maiores em comparação com mulheres com a doença e histórico de tabagismo. Os dados foram apresentados por Renelle L. Myers, da British Columbia Cancer Agency, em Vancouver, durante a WCLC 2018 em Toronto, Canadá.
O estudo envolveu 681 pacientes com câncer de pulmão recentemente diagnosticado, incluindo 439 fumantes e 242 não fumantes. Um histórico residencial detalhado foi realizado para estimar a exposição à poluição do ar desde 1996, data em que estimativas precisas da concentração de material particulado (PM2.5) derivado de observações de satélite e medições do solo tornaram-se disponíveis. A exposição média de PM2,5 foi então quantificada pela combinação de históricos residenciais com dados de exposição.
Os resultados do trabalho mostraram que a exposição mediana à poluição do ar de todos os pacientes com câncer foi de 7,1 PM2,5 ug/m3 (IQR 6,8-7,3; intervalo 4,3-65,8). Entre os que já fumaram, 6,1% tinham PM2,5 > 10 ug/m3, enquanto mais que o dobro - 15,1% - dos não-fumantes tinham PM2,5 > 10 ug/m3. Entre os pacientes com câncer de pulmão que nunca fumaram e apresentaram alta exposição a PM2,5 >10 ug/m3, 74% eram mulheres e 83% eram descendentes de asiáticos. Usando um modelo de regressão logística, os pesquisadores demonstraram uma associação significativa entre a exposição à poluição do ar em mulheres não-fumantes em comparação com as fumantes, associação ausente em pacientes do sexo masculino.
"Os resultados ressaltam a importância de fatorar a poluição do ar no desenvolvimento do câncer de pulmão entre as mulheres, particularmente aquelas que nunca fumaram", afirmou Myers. "Embora a exposição a longo prazo ao material particulado ambiental tenha sido associada a um risco aumentado de desenvolver câncer de pulmão e seja estimada em quase 25% das mortes pela doença no mundo, atualmente não há modelo de previsão de risco para câncer de pulmão que inclua em seu cálculo a poluição do ar como um fator de risco individual”, avaliou.