O monitoramento eletrônico remoto de resultados relatados pelo paciente (ePROs) é viável para pacientes idosos com câncer? Estudo prospectivo multicêntrico (FASTOCH) publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) demonstrou que em uma população não selecionada de pacientes com câncer com 75 anos ou mais, 53% recusaram utilizar ePROs remotos por razões tecnológicas. “São necessários esforços para abordar a conectividade e melhorar as interfaces técnicas para aumentar a facilidade de uso entre a população idosa com câncer”, avaliam os autores.
Vários estudos demonstraram que os resultados relatados eletronicamente pelos pacientes (ePROs) melhoram a sobrevida global e a qualidade de vida no tratamento do câncer. Embora represente uma proporção significativa de pacientes com câncer, não existem dados prospectivos específicos sobre a monitorização remota do ePRO na população idosa.
Nesse estudo, pacientes com 75 anos ou mais em tratamento anticâncer ativo foram recrutados em seis instituições entre fevereiro de 2021 a abril de 2022. A viabilidade do ePRO remoto foi determinada por intenção de teste (ITT) com base no número de usuários ativos na população geral. A falha primária foi aplicada a pacientes que não tinham acesso à internet ou que se recusaram a testar os ePROs, enquanto os outros pacientes foram atribuídos à população ITT. A viabilidade também foi determinada por protocolo com base no número de pacientes ativos na população ITT.
Dos 473 pacientes incluídos, a falha primária ocorreu em 288 pacientes (233 dos quais não tinham acesso à Internet). Entre os 185 pacientes no ITT, 122 usaram ePROs, levando a uma viabilidade de 26% no ITT e a uma viabilidade de 66% por protocolo. Numa análise multivariada, a população com intenção de testar era de uma categoria socioprofissional superior (P = 0,009) e sentia-se em melhor estado geral na avaliação geriátrica de 8 pontos (P = 0,002). Os pacientes ativos diferiram significativamente dos inativos apenas na autoavaliação de melhor condição geral (P < 0,001).
Em síntese, esse estudo multicêntrico mostrou uma taxa de viabilidade limitada (26%) de monitoramento remoto de ePROs para pacientes idosos com câncer, principalmente devido a barreiras tecnológicas. No entanto, entre os pacientes que tinham acesso à Internet, a maioria deles usava ePROs (66%).
“Dado o benefício esperado dos ePROs, as barreiras tecnológicas precisam ser eliminadas para melhorar os cuidados oncológicos em pacientes idosos. A falta de viabilidade do monitoramento remoto do ePRO em idosos justifica pesquisas adicionais para determinar se resultados semelhantes são observados em diferentes cenários com melhor conectividade ou maior disposição para usar a tecnologia”, concluíram os autores.
Referência: Mathilde Cancel et al., FASTOCH: Feasibility of Electronic Patient-Reported Outcomes in Older Patients With Cancer—A Multicenter Prospective Study. JCO 0, JCO.23.02150. DOI:10.1200/JCO.23.02150