Estudo transversal retrospectivo analisou os fatores de risco para disgeusia transquimioterápica em pacientes com câncer. Os resultados foram publicados no periódico Supportive Care in Cancer, em artigo que tem a estomatologista Cássia Nóbrega Malta como primeira autora.
Os pacientes foram avaliados antes de cada ciclo de quimioterapia quanto à presença/gravidade da disgeusia com base na escala de Critérios de Terminologia Comum para Eventos Adversos (CTCAE) v5.0 para efeitos adversos, e classificados como 0 - sem alteração no paladar; 1 - paladar alterado sem impacto nos hábitos alimentares; ou 2 - paladar alterado com impacto nos hábitos alimentares.
As informações de 2 anos de avaliações foram coletadas e os registros médicos revisados para obtenção de dados sobre o ciclo de quimioterapia, sexo, idade, índice de massa corporal, área de superfície corporal, tumor primário, protocolo de quimioterapia e histórico de radioterapia de cabeça e pescoço. O teste X2 e a regressão logística multinomial foram usados para análise estatística (SPSS 20.0, p <0,05).
Resultados
Entre 7.425 pacientes no total, 3.047, 2.447 e 1931 foram avaliados após o primeiro, segundo e terceiro ciclos de quimioterapia, respectivamente. Um quinto dos pacientes (19,0%) apresentou perda significativa do paladar, com 1118 (15,0%) apresentando disgeusia grau 1 e 442 (6,0%) disgeusia grau 2.
A duração da quimioterapia (p <0,001), sexo feminino (p <0,001), localização do tumor primário no útero (p = 0,008), cabeça e pescoço (p = 0,012) e testículos (p = 0,011) e uso de ifosfamida (p = 0,009), docetaxel (p = 0,001), paclitaxel (p <0,001), pertuzumabe (p = 0,005), bevacizumabe (p <0,001) e dacarbazina (p = 0,002) aumentaram independentemente o risco de disgeusia. Nos tumores de cabeça e pescoço, a história prévia de radioterapia aumentou significativamente a prevalência de disgeusia (p = 0,017), assim como o uso de cisplatina (p = 0,001).
“Entre os fatores que aumentam o risco de disgeusia estão o número de ciclos de quimioterapia, sexo, tumores primários no útero, cabeça e pescoço e testículo, além do tratamento com ifosfamida, docetaxel, paclitaxel, pertuzumabe, bevacizumabe e dacarbazina”, concluíram os autores.
Referência: Malta, C.E.N., de Lima Martins, J.O., Carlos, A.C.A.M. et al. Risk factors for dysgeusia during chemotherapy for solid tumors: a retrospective cross-sectional study. Support Care Cancer (2021). https://doi.org/10.1007/s00520-021-06219-4