Onconews - FDA aprova segunda terapia gênica de CAR T-cells

Tabak NET OKO FDA aprovou o axicabtagene ciloleucel (Yescarta, Gilead Sciences), uma terapia gênica de CAR T-cells para tratar pacientes adultos com certos tipos de linfoma de grandes células B que não responderam ou recidivaram após pelo menos dois outros tipos de tratamento. O axicabtagene é a segunda terapia gênica CAR-T aprovada pelo FDA, a primeira aprovada para uso em adultos. Daniel Tabak (foto), Diretor Médico do Centro de Tratamento Oncológico (CENTRON), no Rio de Janeiro, comenta para o Onconews.

O tisagenlecleucel (Kymriah®, Novartis) foi aprovado no final de agosto para o tratamento de pacientes com até 25 anos com leucemia linfoblástica aguda (LLA) de células B refratária ou recidivada. “Sem dúvida nenhuma é um avanço para esses pacientes pouco responsivos, que haviam progredido mesmo após um transplante, é uma alternativa muito significativa. As respostas do ZUMA trial, que baseou a aprovação, são impressionantes, com mais de 50% dos pacientes vivos sem evidência de progressão por mais de três anos. O benefício é realmente impressionante”, afirma Tabak.

O axicabtagene foi aprovado para uso em pacientes adultos com linfoma difuso de grandes células B (DGCB) após falha de pelo menos outros dois tipos de tratamento, incluindo DGCB, linfoma de células B de mediastino primário, linfoma de células B de alto grau e DGCB decorrente de linfoma folicular. O tratamento não é indicado para pacientes com linfoma primário do sistema nervoso central.

Cada dose é um tratamento personalizado, criado usando o próprio sistema imunológico do paciente. As células T do paciente são coletadas e geneticamente modificadas para incluir um novo gene que mata as células do linfoma. Uma vez modificadas, as células são infundidas de volta ao paciente.

A aprovação foi baseada nos resultados do estudo de fase II ZUMA-1, com 101 pacientes com linfoma não Hodgkin. No geral, 82% dos pacientes responderam ao tratamento. A taxa de remissão completa após o tratamento foi de 51%.

Custo

A aprovação reacende a discussão sobre o aumento do custo das novas terapias. A terapia custará US $ 373,000 por uma dose única. O valor é inferior ao custo do tratamento da Novartis, anunciado por US $ 475 mil por paciente. “Sobre a questão do custo, se você comparar eventualmente com aqueles pacientes que vão para um transplante halogênico, talvez a longo prazo não seja muito distinto disso se você tiver algum tipo de tratamento. Acho que isso vai ter que ser comparado no futuro”, diz o especialista. 

“Isso reflete claramente o que é inevitável, que a imunoterapia veio para ficar. Nós precisamos nos preparar para essa nova era. Exatamente como as questões gerenciais, administrativas, vão se configurar, é mais um desafio”, acrescenta.

Eventos adversos

O tratamento pode causar efeitos colaterais graves, entre eles a síndrome de liberação de citocinas (CRS), uma resposta sistêmica à ativação e proliferação de CAR T-cells que causa febre alta e sintomas semelhantes à gripe, além de toxicidades neurológicas. Tanto a CRS como as toxicidades neurológicas podem ser fatais, mas são comumente controlados com drogas imunossupressoras.

Outros efeitos colaterais incluem infecções graves, baixa contagem de células sanguíneas e enfraquecimento do sistema imunológico enfraquecido. Os eventos adversos do tratamento geralmente aparecem entre uma e duas semanas, mas podem ocorrer mais tarde.

A terapia foi aprovada com uma estratégia de avaliação e mitigação de risco que inclui elementos para assegurar o uso seguro. O FDA exige que os hospitais e as clínicas associadas que dispensam a droga sejam especialmente certificados, e que o fabricante realize um estudo de observação pós-comercialização envolvendo os pacientes tratados.

"Para o tratamento se popularizar é preciso que seja conduzido de uma forma cuidadosa. Por enquanto, todas as células têm sido enviadas para uma planta central e devolvidas. Todos os pacientes estão dentro desse contexto", observa.