Onconews - Atezolizumab não melhora sobrevida em câncer de bexiga previamente tratado

Fabio_Schutz_1301315.jpgUma análise interina do estudo de fase III IMvigor211 demonstrou que o inibidor de PD-L1 atezolizumab não atingiu o endpoint primário de melhora da sobrevida global em comparação com a quimioterapia em pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado que foram previamente tratados com pelo menos uma linha de quimioterapia contendo platina. “Os resultados anunciados em press release do estudo IMvigor211 são um pouco decepcionantes", afirmou o oncologista Fábio Schutz (foto), da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

O IMvigor211 foi um estudo pivotal randomizado projetado para servir como estudo confirmatório para converter a aprovação acelerada do FDA em aprovação total. O FDA havia anunciado a aprovação acelerada do atezolizumab para o câncer de bexiga em maio de 2016, com base nos resultados do estudo de fase II IMvigor210. A aprovação acelerada estava condicionada a resultados positivos neste ensaio de fase III.

O estudo avaliou a eficácia e a segurança doatezolizumab em 931 doentes com carcinoma urotelial metastático previamente tratados que tinham progredido durante ou após um regime à base de platina. O trabalho comparou a imunoterapia com quimioterapia com vinflunina, paclitaxel ou docetaxel. A sobrevida global, endpoint primário, foi testada de forma sucessiva em subgrupos com base na expressão de PD-L1, sendo testados em primeiro lugar os maiores níveis de expressão. Os principais endpoints secundários incluem a taxa de resposta objetiva, sobrevida livre de progressão, a duração da resposta e segurança.
 
Os resultados com atezolizumab foram "geralmente consistentes" com aqueles observados no estudo IMvigor210, estudo anterior que não comparou diretamente a imunoterapia com a quimioterapia.
 
A análise interina de IMvigor211 encontrou um perfil de segurança para o atezolizumab semelhante ao observado no ensaio de fase II. Nessa coorte, os eventos adversos de graus 3/4 mais comuns incluíram fadiga (8% dos pacientes), infecção do trato urinário (5%), anemia (7%) e diarreia (5%). No estudo de fase II o medicamento foi descontinuado devido a eventos adversos em cinco doentes (4,2%).
 
Mês passado, o FDA concedeu aprovação acelerada e expandida para o atezolizumab como tratamento inicial em pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado que não são elegíveis à quimioterapia com cisplatina. Esta aprovação expandida também foi baseada nos resultados do estudo IMvigor210. Um estudo pivotal de fase III, IMvigor130 está atualmente em curso nesta população.


"O desenho do estudo foi semelhante ao KEYNOTE-045 (pembrolizumabe vs. quimioterapia na segunda linha de tratamento de carciunoma urotelial metastático pós falha de platina) já publicado no New England Journal of Medicine, cujos resultados se mostraram positivos com aumento de sobrevida global e que recentemente levou à aprovação do pembrolizumabe pelo FDA”, afirmou Schutz.

Os dados do IMvigor211 serão examinados, incluindo a observação inicial de que os resultados do braço de quimioterapia foram melhores do que o previsto no desenho do estudo. Os dados completos do estudo serão apresentados ainda este ano.

“A apresentação dos resultados definitivos do IMvigor211 será de suma importância para que possamos interpretar melhor os eventuais motivos que levaram a este estudo ser negativo do ponto de vista estatístico. Ainda é precoce especular qual será a interpretação e a decisão do FDA em relação ao status de aprovação acelerada do atezolizumabe”, concluiu o especialista.