Onconews - Inibidores de checkpoint em câncer do cérebro

Glioblastoma_ESMO_Imuno_NET_OK.jpgNovas evidências de que os inibidores de checkpoint do sistema imunológico podem trabalhar em glioblastoma e metástases cerebrais foram apresentadas por Anna Sophie Berghoff, residente no Departamento de Medicina I, Comprehensive Cancer Centre-CNS Tumours Unit, Medical University de Viena, na Áustria, durante o Simpósio ESMO de Imuno-Oncologia 2014.

A pesquisa mostrou que as metástases cerebrais têm densas concentrações de linfócitos infiltrantes de tumor, proporcionando um ambiente imunoativo. Além disso, ambos os cânceres cerebrais primários e secundários muitas vezes exibem uma elevada expressão do fator imunossupressor PDL1, que pode ser inibido por novos tratamentos, ativando o sistema imune. Os doentes com metástases cerebrais e glioblastoma têm poucas opções de tratamento e geralmente morrem dentro de um curto período de tempo.  
 
Inibidores de checkpoint imunológico são um grupo novo de tratamentos contra o câncer que impulsionam a resposta imunológica do paciente ao tumor. O sistema imunológico opera de forma diferente no cérebro, em comparação com outros órgãos. "Nosso estudo foi desenhado para descobrir se o sistema imunológico é ativado em tumores cerebrais, que fornecem a base para os inibidores de checkpoint imunológicos trabalharem", explicou Berghoff.
 
O estudo incluiu 117 pacientes com glioblastoma e 116 pacientes com metástases cerebrais. Utilizando imunohistoquímica os pesquisadores analisaram a presença de células T nos tumores, e se eram acentuadas em áreas diferentes do tumor.
As células T são as principais células causadoras da resposta imunológica e podem ser aumentadas pelos inibidores de checkpoint. Eles também procuraram o PDL1, uma proteína imunossupressora que influencia as respostas aos inibidores de checkpoint imunologicos.
 
Eles descobriram que os pacientes com glioblastoma tinham menos células T, e consequentemente menos ativação do sistema imunológico, do que os pacientes com metástases cerebrais, que apresentavam concentrações elevadas dessas células. O PDL1 era comum tanto em glioblastoma como nas metástases cerebrais, com alta positividade particularmente no glioblastoma. “Observamos que estes tipos de tumores cerebrais têm uma interação diferente com o sistema imunológico. O glioblastoma suprime ativamente o sistema imunológico e há pouca resposta imune. Já as metástases cerebrais realizam menor supressão do sistema imunológico e existem muito mais linfócitos infiltrantes de tumor", afirmou Berghoff.
 
Segundo ela, os resultados demonstram que o sistema imunológico interage com glioblastoma e metástases cerebrais, o que é evidência de que os inibidores de checkpoint imunológico podem funcionar. "Temos argumentos para a realização de estudos clínicos com inibidores de imunocheckpoint em pacientes com glioblastoma e metástases cerebrais. Nesses tipos de tumores geralmente existe alta expressão de PDL1, um fator imunossupressor que pode ser inibido com novos tratamentos. Ao inibir a supressão podemos ativar o sistema imunológico, o que em teoria poderia funcionar em cânceres cerebrais".
 
Pequenos estudos preliminares mostraram a eficácia de inibidores de checkpoint imunológicos em metástases de melanoma no cérebro. No entanto, o melanoma é apenas o terceiro mais comum em metástases cerebrais, sendo o mais comum o câncer de pulmão não-pequenas células. Inibidores de checkpoint são ativos em câncer de pulmão metastizado extracraniano, mas ainda não se sabe se isso vale para pacientes com metástases cerebrais. Os dados sobre os inibidores de checkpoint em glioblastoma existem apenas em camundongos. “Nosso estudo mostra que as células T e a expressão PDL1 estão presentes em glioblastoma e metástases cerebrais, o que indica que os alvos para novas drogas que ativam o sistema imunológico contra as células cancerosas estão presentes. Nossos dados apoiam o desenvolvimento de estudos clínicos com inibidores de checkpoint, especialmente os que tem como alvo o eixo PD1/PDL1 em pacientes com glioblastoma e metástases cerebrais”, disse.
 
Segundo Martin J. van den Bent, da Unidade de Neuro-Oncologia, Erasmus Medical Centre, de Rotterdam, Holanda, metástases cerebrais não são um grupo homogêneo, mas variam de acordo com o tumor primário. “Sabe-se que o mecanismo com o qual surgem metástases pode ser completamente diferente entre as diversas doenças. O debate sobre a penetração através da barreira hemato-encefálica intacta e o quanto isto é significativo para a eficácia do tratamento ainda não está concluído”, afirmou. Apesar disso, ele afirma que o entendimento geral é que qualquer terapia que funcione para um tipo específico de câncer também deve funcionar se tiver metastizado para o cérebro, desde que o acesso seja bom.
 
Referência:
Abstract: 10 - Role of PDL1 Expression and Tumor Inflitrating Lymphocytes (TILS) in Glioblastoma (GBM) and Brain Metastases (BM)
National Center for Tumor Disease, University of Heidelberg, Heidelberg, Germany

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