Onconews - Intensidade de atividade física e mortalidade

Leandro NET OKA atividade física de intensidade vigorosa está associada à redução do risco de mortalidade em comparação com a atividade física de intensidade moderada? Estudo de coorte com 403681 adultos norte-americanos avaliou a associação da proporção de atividade física vigorosa com a mortalidade por todas as causas, por doenças cardiovasculares e por câncer. Os resultados foram publicados no JAMA Internal Medicine, em artigo com participação de Leandro Fórnias Machado de Rezende (foto), professor-adjunto do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-UNIFESP).

Não está claro se para a mesma quantidade de atividade física total (definida como atividade física moderada a vigorosa), uma proporção maior de atividade física vigorosa (do inglês, VPA - vigorous physical activity) está associada a uma maior redução na mortalidade.

Nesse estudo, os pesquisadores examinaram a associação da proporção de VPA à atividade física total (definida como atividade física moderada a vigorosa - moderate to vigorous physical activity, MVPA) com a mortalidade por todas as causas, mortalidade por doenças cardiovasculares e mortalidade por câncer.

O estudo de coorte incluiu 403681 adultos da National Health Interview Survey 1997-2013 que forneceram dados sobre atividade física autorreferida e foram vinculados aos registros do National Death Index até 31 de dezembro de 2015. A análise estatística foi realizada entre 15 de maio de 2018 e 15 de agosto de 2020.

Foi avaliada a proporção de atividade física vigorosa em relação à atividade física total entre os participantes que realizaram qualquer atividade física de moderada a vigorosa. Os principais desfechos foram mortalidade por todas as causas, mortalidade por doenças cardiovasculares e mortalidade por câncer. Modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox foram realizados para estimar razões de risco (HRs) e intervalos de confiança (ICs) de 95%, ajustados para características sociodemográficas, fatores de risco de estilo de vida e atividade física total.

Resultados

Entre os 403681 indivíduos no estudo (225569 mulheres [51,7%]; idade média [SD], 42,8 [16,3] anos), durante uma mediana de 10,1 anos (intervalo interquartil, 5,4-14,6 anos) de acompanhamento (407,3 milhões de pessoas-ano), ocorreram 36861 mortes.

Modelos mutuamente ajustados considerando as recomendações de atividade física moderada (MPA; 150-299 vs 0 minutos por semana) e VPA (≥75-149 vs 0 minutos por semana) mostraram associações semelhantes para mortalidade por todas as causas (MPA: HR, 0,83; 95% IC, 0,80-0,87; e VPA: HR, 0,80; 95% IC, 0,76-0,84) e mortalidade por doença cardiovascular (MPA: HR, 0,75; 95% IC, 0,68-0,83; e VPA: HR, 0,79; 95% IC, 0,70-0,91).

Para os mesmos contrastes, a atividade física vigorosa (HR, 0,89; 95% IC, 0,80-0,99) mostrou uma associação inversa mais forte com a mortalidade por câncer em comparação com a atividade física moderada (HR, 0,94; 95% CI, 0,86-1,02). Entre os participantes que realizam qualquer atividade física moderada a vigorosa, uma maior proporção de atividade física vigorosa em relação à atividade física total foi associada a uma menor mortalidade por todas as causas, mas não a doenças cardiovasculares e mortalidade por câncer.

“A maior participação da atividade física vigorosa no total da atividade física foi associada com menor mortalidade por câncer, especialmente para os que realizaram 50-75% do total da atividade física semanal em intensidade vigorosa”, destaca Rezende.

Em comparação com os participantes sem atividade física vigorosa, os participantes que executaram mais de 50% a 75% de VPA em relação à atividade física total tiveram uma mortalidade por todas as causas 17% menor (HR 0,83; 95% IC, 0,78-0,88), independente do total de atividade física moderada a vigorosa. A associação inversa entre a proporção de VPA para atividade física total e mortalidade por todas as causas foi consistente com as diversas características sociodemográficas, fatores de risco de estilo de vida e condições crônicas no início do estudo.

“Nosso estudo sugere que para o mesmo volume de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, uma maior proporção de atividade vigorosa em relação à atividade física total foi associada a uma menor mortalidade por todas as causas. Os médicos e as intervenções de saúde pública devem recomendar 150 minutos ou mais por semana de atividade física moderada a vigorosa, mas também aconselhar sobre os benefícios potenciais associados à atividade de intensidade vigorosa para maximizar a saúde da população”, concluíram os autores.

Referência: Wang Y, Nie J, Ferrari G, Rey-Lopez JP, Rezende LFM. Association of Physical Activity Intensity With Mortality: A National Cohort Study of 403 681 US Adults. JAMA Intern Med. Published online November 23, 2020. doi:10.1001/jamainternmed.2020.6331