Onconews - Mais atenção aos tumores raros

barquinhos_crop1_bx.jpgEnquanto as taxas de cura alcançam hoje 65% entre os tipos de câncer mais prevalentes, nos tumores raros o índice cai para 47%, o que mostra uma realidade que desafia médicos e pacientes na construção de um cenário com resultados mais encorajadores. A educação médica continuada e a maior atenção à pesquisa clínica estão entre os apelos de organizações de advocacy e profissionais da saúde que reconhecem a importância de ampliar a conscientização sobre os tumores menos incidentes.  Como parte desse esforço, a campanha GIST Awareness Day marcou o 13 de julho no Brasil e na América Latina como o Dia da Conscientização em GIST, com a proposta de difundir o Tumor Estromal Gastrointestinal (GIST, da sigla em inglês). 

A iniciativa é doLife Raft Group e da Alianza GIST, uma coalização de organizações e ativistas em favor de pacientes de GIST em toda a América Latina. O origami de barquinhos de papel fica como grande símbolo da campanha de GIST este ano (foto).

Otumor estromal gastrointestinal é um neoplasia mesenquimal que afeta geralmente o estômago ou o intestino delgado. O acometimento do peritônio, do esôfago  e do cólon retal é menos freqüente, mas o GIST pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. Estudo de revisão publicado na edição 382 do Lancet enfoca a heterogeneidade dos GISTs, neoplasia que se origina a partir das células intersticiais de Cajal e da expressão da proteína c-KIT ou PDGFRA (The Lancet, vol 382, nº 9896).

Embora seja considerado raro, o GIST representa 80% dos tumores mesenquimais do trato digestivo e constitui 5% de todos os sarcomas.
A ressecção cirúrgica completa continua como tratamento padrão e o mesilato de imatinibe permanece como standard, como inibidor de quinase empregado na primeira linha de tratamento. Para pacientes com intolerância, resistência ao imatinibe ou GIST selvagem (wild type), o FDA aprovou o sunitinib (Sutent ®, da Pfizer), atualmente em análise no Brasil pela CONITEC, que estuda a possibilidade de implantar o agente em segunda linha terapêutica no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na terceira linha de tratamento, o FDA também aprovou o inibidor de múltiplas quinases Regorafenib (Stivarga®, da Bayer), que acaba de receber a recomendação para aprovação também na comunidade europeia.
A real incidência do GIST ao redor do mundo ainda é pouco conhecida e grande parte dos casos é diagnosticada acidentalmente durante exames e procedimentos cirúrgicos. Pacientes com tumores maiores podem apresentar queixa de sintomas dispépticos vagos, sangramento visível ou oculto e presença de massa abdominal. 
 

Mais visibilidade

 
Sarcomas raros como o GIST não são os únicos tumores que demandam maior visibilidade na agenda de pesquisa, nas políticas de saúde e entre os profissionais da saúde.
“Os coriocarcinomas também são tumores de baixa incidência e são pouco conhecidos até mesmo entre oncologistas clínicos e ginecologistas”, alerta Sue Yazaki Sun, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
 
O diagnóstico de coriocarcinoma na grande maioria das vezes é fechado a partir da história clínica. De acordo com a especialista, metade dos casos acontece em mulheres com antecedentes de mola hidatiforme, mas a outra metade é representada por pacientes com histórico de gravidez normal com antecedentes de perda gestacional. “Para esse grupo é importante acompanhar a dosagem periódica dos níveis de gonadotrofina coriônica por pelo menos seis meses, até que se tenha um exame negativo para afirmar que essa paciente não desenvolveu o coriocarcinoma ou outro tipo de neoplasia trofoblástica, como uma mola invasora, por exemplo”, esclarece Sue.
 
Atenta à importância da educação continuada, a Unifesp promove no próximo dia 25 de julho no Anfiteatro Boris Casoy (Rua Botucatu 821 - 1º. Andar, Prédio da Oftalmologia) o II Simpósio Internacional de Interação Materno Fetal e Doença Trofoblástica Gestacional, encontro que traz na programação temas como o tratamento da neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco e a experiência do centro de doenças trofoblásticas do Hospital das Clínicas de São Paulo no tratamento do tumor trofoblástico epitelióide. A programação ainda inclui o seminário “Perspectivas de Pesquisa – sinalização celular, fatores de angiogênese e oncogênese em obstetrícia”. Leia mais em Agende-se.Referências:

 

http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(13)60106-3/abstract