A quimioterapia neoadjuvante e a quimiorradioterapia têm um efeito diferencial na sobrevida do carcinoma esofágico ou de junção gastroesofágica (GEJ) considerando, em particular, a histologia, localização do tumor e o sexo do paciente? Para estudar o efeito da quimioterapia ou da quimiorradioterapia nessa população de pacientes, com foco na localização do tumor e nos subgrupos histológicos, Faron et al. realizaram uma meta-análise de rede a partir de dados individuais de participantes de ensaios clínicos randomizados (RCTs).
Foram considerados RCTs publicados ou não publicados fechados para inscrição até 31 de dezembro de 2015, comparando pelo menos duas das seguintes estratégias: cirurgia inicial (S), quimioterapia seguida de cirurgia (CS) e quimiorradioterapia seguida de cirurgia (CRS). Todas as análises foram conduzidas em pacientes individuais (IPD) obtidas pelos pesquisadores. O endpoint primário foi a sobrevida global (SG). O IPD-NMA (de network meta-analysis) foi analisado por modelo Cox de efeito misto ajustado para idade, sexo, localização do tumor e histologia. O NMA foi registrado no PROSPERO (CRD42018107158).
Os resultados de pacientes individuais publicados no Journal of Clinical Oncology
foram obtidos para 26 de 35 RCTs (4.985 de 5.807 pacientes) correspondendo a 12 comparações para CS-S, 12 para CRS-S e quatro para CRS-CS. Os autores descrevem que CS e CRS levaram a um aumento de SG quando comparados com S, com taxa de risco (HR) = 0,86 (0,75 a 0,99), P = 0,03 e HR = 0,77 (0,68 a 0,87), P < 0,001, respectivamente. A comparação NMA de CRS versus CS para SG resultou em HR de 0,90 (0,74 a 1,09), P = 0,27 (consistência P = 0,26, heterogeneidade P = 0,0038). Para CS versus S, um efeito maior na SG foi observado para tumores GEJ versus tumores esofágicos (P = 0,036). Para o CRS versus S e CRS versus CS, um efeito maior na SG foi observado para as mulheres (P = 0,003, 0,012, respectivamente).
Em conclusão, quimioterapia neoadjuvante e quimiorradioterapia foram consistentemente melhores do que S sozinho em todas as histologias, mas com alguma variação na magnitude do efeito do tratamento por sexo para CRS e localização do tumor para CS. Não foi identificada diferença acentuada na sobrevida global entre CS e CRS. Nesta análise, os achados de Faron et al. mostram que quimioterapia neoadjuvante e quimiorradioterapia foram igualmente eficazes em adenocarcinoma e carcinoma de células escamosas. Variações na eficácia do tratamento foram observadas com a localização do tumor para quimioterapia neoadjuvante e com o sexo para quimiorradioterapia.
“Esta meta-análise de rede confirma um benefício para quimioterapia ou quimiorradioterapia no cenário neoadjuvante para carcinomas de esôfago e GEJ. O benefício incremental conferido pela adição de radiação à quimioterapia neste contexto parece ser bastante modesto, uma decisão que pode potencialmente ser informada por características clínicas específicas”, destacam os autores.
Referência: FARON, Matthieu et al. Individual Participant Data Network Meta-Analysis of Neoadjuvant Chemotherapy or Chemoradiotherapy in Esophageal or Gastroesophageal Junction Carcinoma. DOI: 10.1200/JCO.22.02279 Journal of Clinical Oncology. Published online July 12, 2023.