Pesquisadores brasileiros da Universidade Federal de Goiás, liderados por Carolina Gonzaga e Ruffo de Freitas Júnior, realizaram um estudo para avaliar as tendências da mortalidade por câncer de mama em centros urbanos e áreas rurais do Brasil. O resultado mostra profundas iniquidades na atenção oncológica, com disparidades na mortalidade por câncer de mama encontradas em todo o país.
O estudo ecológico de séries temporais utilizou dados do censo e de mortes por câncer de mama para analisar as porcentagens anuais de mudança (APC ou anual percentage change) nas taxas de mortalidade no período de 1980-2010.
Enquanto as regiões Norte e Nordeste apresentam tendência de crescimento no número de mortes por câncer de mama, a tendência de queda foi observada em regiões com grandes centros urbanos desenvolvidos. A tendência de queda foi encontrada em cinco centros urbanos: São Paulo (APC = -1,7%), Porto Alegre (APC = -1,6%), Belo Horizonte (APC = -1,2%), Rio de Janeiro e Recife (APC = -0.9 %). Já o crescimento no número de mortes por câncer de mama foi encontrado em Porto Velho (APC = 9,0%), Teresina (APC = 4,6%), João Pessoa (APC = 1,6%), Belém (APC = 0,8%) e Fortaleza (APC = 0,5%). Na comparação entre áreas urbanas e zonas rurais, a mortalidade continua a aumentar nos locais afastados dos grandes centros, com exceção de algumas áreas no sul.
Os pesquisadores concluíram que um dos motivos para as disparidades na mortalidade por câncer de mama encontradas em todo o país pode ser a dificuldade de acesso ao tratamento, mais difícil para os pacientes que vivem em áreas rurais e no norte do Brasil.
Referência: The Breast Volume 23, Issue 2, April 2014, Pages 180–187 - Disparities in female breast cancer mortality rates between urban centers and rural areas of Brazil: Ecological time-series study