O Instituto Nacional de Saúde e Assistência de Excelência do Reino Unido (do inglês, NICE) recomendou a enzalutamida para o tratamento do câncer de próstata metastático resistente à castração que tenha progredido durante ou após a quimioterapia à base de docetaxel. No entanto, o uso da enzalutamida não vai ser coberto pelo sistema de saúde do Reino Unidos para pacientes previamente tratados com abiraterona.
O NICE avaliou a enzalutamida, da Astellas, e considerou como evidência-chave para sua decisão os resultados do estudo AFFIRM, no qual os participantes foram aleatoriamente designados para receber enzalutamida (160 mg por via oral, uma vez ao dia) mais melhores cuidados de suporte (n= 800) ou placebo mais melhores cuidados de suporte (n=399). Foram recrutados pacientes previamente tratados com uma ou duas sessões de quimioterapia citotóxica, pelo menos uma delas com docetaxel.
O endpoint primário foi a sobrevida global. Após um seguimento médio de 15 meses, 344 (43%) pacientes designados para enzalutamida e 232 (58%) do grupo placebo tinham morrido. A enzalutamida estendeu a mediana de sobrevida por 4,5 meses em comparação com o placebo (17,8 meses versus 13,3 meses; [HR] 0,62 [95% CI 0,52-0,73], p <0,001). Embora a enzalutamida tenha causado menos efeitos adversos (grau ≥ 3) do que o placebo, o risco de convulsões foi aumentado.
Para comparar a enzalutamida com a abiraterona, agente também autorizado no Reino Unido após terapia com docetaxel, o NICE considerou a comparação dos grupos placebo nos estudos AFFIRM e COU-AA-3016. Não houve diferença de sobrevida global entre os dois tratamentos.
Para estimar o custo-efetividade da enzalutamida comparada com a abiraterona ou melhores cuidados de suporte, a Astellas desenvolveu um modelo de Markov simulando doença estável (incluindo eventos adversos), doença avançada e morte. Para modelar a taxa de sobrevida, o fabricante assumiu um efeito constante ao longo do tempo para enzalutamida (HR 0,62), mas um efeito diminuído para abiraterona, tendo como parâmetros os dados do estudo COU-AA-301.
O Comitê considerou que a análise do fabricante Astellas foi especulativa ao assumir um risco maior de morte com a abiraterona e avaliou que não há nenhuma evidência que suporte a adoção de diferentes valores para enzalutamida e abiraterona.
A Astellas também apresentou dados de estudos retrospectivos avaliando a eficácia da enzalutamida após abiraterona, mas a avaliação do NICE é de que não foi possível estabelecer essa conclusão diante dos estudos apresentados. O Comitê reconheceu as limitações dos estudos e concluiu que embora alguns pacientes possam se beneficiar da enzalutamida depois da abiraterona, as provas apresentadas não foram suficientes para atestar a magnitude da eficácia da enzalutamida após a abiraterona, ou sua relação de custo-efetividade.
Referência: http://www.thelancet.com/journals/lanonc/article/PIIS1470-2045(14)70346-8/fulltext?_eventId=login