Onconews - Novas análises do estudo FIRE-3

ON9_CAPA_PG4TO7_LOGO_GTG_VERTICAL_NET_OK.jpgUma análise post-hoc do estudo FIRE-3 mostrou através de achados radiológicos que a associação de FOLFIRI + Cetuximab trouxe vantagens em relação ao regime FOLFIRI+ Bevacizumab, com impacto na sobrevida global de pacientes com câncer colorretal metastático (CCRm) RAS selvagem. Os dados foram publicados online no Lancet Oncology no dia 26 de agosto. Gabriel Prolla, oncologista do Hospital do Câncer Mãe de Deus e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG), comenta para o Onconews.

Os resultados indicam que parâmetros como redução do tumor inicial e profundidade de resposta, obtidos por avaliação radiológica centralizada, se correlacionam com o benefício de sobrevida global conferido por FOLFIRI mais cetuximabe em comparação com FOLFIRI mais bevacizumabe nesse subgrupo de pacientes.
 
“Por se tratar de uma análise post-hoc e por estes desfechos radiológicos ainda não serem desfechos testados prospectivamente eles são uma hipótese para explicar os achados dos estudos FIRE-3 e PEAK. Vale ressaltar ainda que o CALGB 80405 não corroborou os achados do FIRE-3, e seria interessante se o CALGB 80405 também pudesse testar estes desfechos radiológicos, mas acredito que isto não será possível pois o estudo não tinha revisão radiológica central”, afirma Gabriel Prolla.
 
Métodos
 
FIRE-3 é um estudo randomizado de fase III que comparou FOLFIRI (5-fluorouracil, leucovorina e irinotecano) mais cetuximabe com FOLFIRI mais bevacizumabe no tratamento de primeira linha de pacientes com câncer colorretal metastático KRAS exon 2 selvagem. O endpoint primário foi a proporção de pacientes que atingiram resposta objetiva de acordo com o RECIST 1.0 na população por intenção-de-tratar.
 
Na análise post-hoc, foi realizada uma avaliação radiológica por tomografia computadorizada para avaliar a resposta objetiva de acordo com RECIST 1.1, redução do tumor inicial, profundidade de resposta, duração da resposta e tempo de resposta no subgrupo RAS selvagem.
 
Resultados
 
Na população RAS selvagem (n = 400), embora a resposta objetiva avaliada pelo investigador e a sobrevida livre de progressão tenham sido comparáveis ​​entre os grupos de tratamento, a mediana de sobrevida global foi melhor no grupo FOLFIRI mais cetuximabe do que no grupo FOLFIRI mais bevacizumabe (33,1 meses [95% IC 24,5 – 39,4] vs 25,0 meses [23,0 – 28,1]; hazard ratio 0,70 [0,54 – 0,90]; p=0,0059).
 
A revisão radiológica centralizada dos pacientes avaliáveis por TC ​​(n = 330) mostrou que a proporção de doentes que atingiram uma resposta objetiva (113 de 157, 72,0% [95%IC 64,3 – 78,8] vs 97 de 173, 56,1% [48,3 – 63,6]; p = 0,0029), a frequência de redução do tumor inicial (107 de 157, 68,2% [60,3 – 75,4] vs 85 de 173, 49,1% [41,5 – 56,8]; p = 0,0005), e a profundidade média da resposta (-48,9% [-54,3 até-42,0] vs -32,3% [-38,2 a -29,2]; p <0,0001) foram significativamente melhores em pacientes RAS selvagem que receberam FOLFIRI mais cetuximabe comparados àqueles que recebem FOLFIRI mais bevacizumabe.
 
Não foram observadas diferenças na duração da resposta e tempo para resposta entre os grupos de tratamento.

“Como tanto os pacientes tratados com cetuximabe quanto com bevacizumabe tiveram sobrevida global semelhante se alcançavam early-tumor response, fica a pergunta se a diferença entre as taxas de early-tumor response entre ambos os braços justifica o ganho de sobrevida global no braço de cetuximabe do estudo”, questiona Prolla.

O estudo foi financiado pela Merck KGaA e Pfizer e está registrado em ClinicalTrials.gov, número NCT00433927.
 
Referência: FOLFIRI plus cetuximab versus FOLFIRI plus bevacizumab for metastatic colorectal cancer (FIRE-3): a post-hoc analysis of tumour dynamics in the final RAS wild-type subgroup of this randomised open-label phase 3 trial - Published Online: 26 August 2016 - DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(16)30269-8