O New England Journal of Medicine acaba de publicar os resultados do estudo multicêntrico conduzido com a colaboração de 17 instituições, em oito países, que mostra a mutação PALB2 associada a um risco até nove vezes maior de desenvolver câncer de mama.
“É um candidato potencial para ser o 'BRCA3'", comparou Marc Tischkowitz, do Departamento de Genética da Universidade de Cambridge, envolvido na investigação.
O estudo avaliou o risco de desenvolver câncer de mama entre 362 membros de 154 famílias com mutações ou deleções no PALB2. A análise final mostra que em mulheres portadoras da mutação PALB2 o risco foi oito a nove vezes maior no grupo de 40 a 60 anos, e cinco vezes maior entre aquelas com mais de 60 anos de idade.
O risco estimado foi de 14% aos 50 anos (intervalo de confiança de 95%, 9-20) e de 35% aos 70 anos (IC de 95%, 26-46).
O risco absoluto de desenvolver o câncer de mama aos 70 anos de idade variou de 33% para aquelas com história familiar de câncer de mama (IC de 95%, 25 a 44), até 58% para mulheres com dois ou mais parentes de primeiro grau diagnosticados com câncer de mama aos 50 anos de idade (IC de 95%, 50-66). O risco também foi influenciado pela coorte de nascimento (P <0,001) e por outros fatores familiares (p = 0,04).
A conclusão do estudo é de que as mutações no PALB2 são importante causa de câncer de mama hereditário, tanto pela frequência das mutações como pela predisposição ao câncer associada a elas. Para os autores, o risco de câncer de mama para portadores da mutação PALB2 podem ser maiores que os da mutação BRCA2.
As mutações BRCA1 e BRCA2 foram descobertas nos anos 90 e têm sido associadas a um risco de 55% a 65% de desenvolver câncer de mama aos 70 anos. Nos Estados Unidos, cerca de cinco a 10% dos casos de câncer de mama têm sido associados ao BRCA1 e BRCA2, de acordo com o National Cancer Institute.
O PALB2 foi associado ao câncer de mama em 2007. Ainda não se sabe qual a sua prevalência, mas pesquisadores suspeitam que seja rara.
"Vários centros hoje tem condições de fazer o teste. Qualquer um que tenha testes moleculares para as mutações BRCA ou que fazem painéis de genes podem fazer o PALB", afirma Benedito Mauro Rossi, do Grupo de Estudos de Tumores Hereditários (GETH).
Referência: N Engl J Med 2014; 371:497-506August 7, 2014DOI: 10.1056/NEJMoa1400382