O custo atual do tratamento do câncer em 15 países europeus é tema de artigo publicado na edição de janeiro do Lancet Oncology, refletindo os resultados da pesquisa liderada por Wim van Harten, do Instituto de Câncer da Holanda. O estudo do grupo holandês mostra disparidades importantes e chama a atenção para uma ação conjunta em busca de caminhos mais sustentáveis.
Na Europa, a sustentabilidade financeira dos serviços oncológicos dos sistemas nacionais de saúde é um desafio crescente. A oncologia consome até 30% das despesas totais de assistência hospitalar e os gastos com medicamentos contra o câncer continuam em alta.
Além do risco de acesso desigual entre os países, o problema é sobrecarregar os sistemas de saúde europeus com custos que crescem rapidamente e comprometem a própria sustentabilidade da assistência oncológica.
Para os autores, a política de preços das companhias farmacêuticas é elemento central nesse contexto. Van Harten e colegas lembram que a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e diferentes autores teceram críticas sobre a falta de transparência na definição de preços de vários medicamentos.
Métodos e resultados
Os pesquisadores conduziram um survey com membros da European Organization of Cancer Institutes da União Europeia. Os participantes do estudo foram solicitados a fornecer uma lista com preços oficiais e uma lista de preços reais, além de informações sobre o modelo de compras.
O preço real foi definido como o preço por uma dose (por exemplo, um frasco de 100 mg ou uma cápsula de 12, 5 mg), para permitir a comparação no caso de diferentes tamanhos de embalagem.
Na maior parte dos centros, o survey foi preenchido por oncologistas e farmacêuticos.
Ao todo, 21 centros de 15 países enviaram as respostas, entre junho e julho de 2015. Alguns países enviaram dados de mais de um centro. Os pesquisadores consideraram a média e ao avaliar os preços oficiais identificaram diferenças importantes entre os países - valores até 92% menores que o maior valor registrado. A análise dos preços atuais também evidenciou diferenças até 58% menores.
Os autores ilustraram as diferentes realidades a partir de exemplos concretos. Na Lituânia, observaram a indisponibilidade de muitos medicamentos, em contraste com França e Holanda, reconhecidos como países de alta renda.
A conclusão do estudo do grupo holandês reforça a importância do acesso rápido e equitativo ao tratamento do câncer e chama a atenção para uma ação conjunta em busca de caminhos mais sustentáveis.
Referências: Actual costs of cancer drugs in 15 European countries
Wim H van Harten, Anke Wind, Paolo de Paoli, Mahasti Saghatchian e Simon Oberst
Publicado online em 3 de dezembro 2015
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S1470-2045(15)00486-6
Lancet Oncology, vol. 17, nº3, jan/2016