A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a nova edição da Lista Modelo de Medicamentos Essenciais, incluindo novos tratamentos para vários tipos de câncer, análogos de insulina e terapias orais para diabetes, medicamentos para cessação do tabagismo e antimicrobianos para tratar infecções bacterianas e fúngicas graves. Os especialistas ressaltam que os preços altos e a baixa disponibilidade ainda são uma barreira importante para o acesso.
“As Listas da OMS têm como objetivo atender às prioridades globais de saúde, identificando medicamentos que oferecem os maiores benefícios e que devem estar disponíveis e acessíveis para todos. No entanto, os preços elevados de medicamentos novos e mais antigos, como a insulina, continuam a manter alguns tratamentos essenciais fora do alcance de muitos pacientes”, destaca a publicação.
Quatro novos medicamentos para o tratamento do câncer foram adicionados às Listas da OMS: enzalutamida, como alternativa à abiraterona, para o câncer de próstata; everolimus para astrocitoma de células gigantes subependimárias (SEGA), um tipo de tumor cerebral em crianças; ibrutinibe para leucemia linfocítica crônica; e rasburicase, para a síndrome de lise tumoral, uma complicação importante de alguns tratamentos de câncer.
A publicação estendeu a inclusão de imatinibe para o tratamento da leucemia, e novas indicações para tumores pediátricos foram adicionadas em 16 medicamentos já listados, incluindo glioma de baixo grau.
“Apesar de eficazes, os inibidores de checkpoint imune PD-1 / PD-L1 não foram recomendados para o tratamento de uma série de tumores de pulmão principalmente por causa do seu preço alto e preocupações de manejo em sistemas de saúde com poucos recursos. Outros medicamentos contra o câncer não foram recomendados devido ao benefício clínico adicional incerto em comparação com os medicamentos já listados, preço alto e problemas de manejo em ambientes com poucos recursos, incluindo osimertinibe para câncer de pulmão, daratumumabe para mieloma múltiplo e três tipos de tratamento para câncer de mama”, esclarece o documento.
Para diabetes, foram incluídos os análogos da insulina de ação prolongada (insulina degludec, detemir e glargina) e seus biossimilares, junto com a insulina humana; e inibidores de SGLT2 (empagliflozina, canagliflozina e dapagliflozina) como terapia de segunda linha em adultos com diabetes tipo 2. “Como os inibidores de SGLT2 ainda são patenteados e de alto preço, sua inclusão vem com a recomendação de que a OMS trabalhe com o Pool de Patentes de Medicamentos para promover o acesso por meio de acordos de licenciamento com os detentores de patentes para permitir a fabricação e fornecimento de genéricos em preços baixos e países de renda média”, afirma o comunicado.
A lista inclui ainda o cefiderocol, um antibiótico do grupo 'Reserva' eficaz contra bactérias multirresistentes, antifúngicos de equinocandina para infecções fúngicas graves e anticorpos monoclonais para prevenção da raiva, além de novas formulações de medicamentos para infecções bacterianas comuns, hepatite C, HIV e tuberculose. Dois medicamentos não baseados em nicotina - bupropiona e vareniclina - também foram incorporados e juntam-se à terapia de reposição de nicotina.
A reunião da 23ª Comissão de Peritos na Seleção e Utilização de Medicamentos Essenciais aconteceu virtualmente entre 21 de junho e 2 de julho. As Listas Modelo são atualizadas a cada dois anos por um Comitê de Especialistas, que esse ano considerou 88 pedidos de medicamentos a serem adicionados à 21ª Lista Modelo de Medicamentos Essenciais (EML) da OMS e à 7ª Lista Modelo de Medicamentos Essenciais para Crianças (EMLc) da OMS.
As listas de medicamentos essenciais atualizadas incluem 20 novos medicamentos para adultos e 17 para crianças e especificam novos usos para 28 medicamentos já listados, elevando o número de medicamentos considerados essenciais para atender às principais necessidades de saúde pública para 479 no EML e 350 no EMLc. Embora esses números possam parecer altos, eles representam apenas uma pequena proporção do número total de medicamentos disponíveis no mercado.
O Comitê ressaltou a necessidade urgente de tomar medidas para promover o acesso equitativo e acessível a medicamentos essenciais por meio da lista e medidas complementares, como mecanismos de licenciamento voluntário, aquisição conjunta e negociação de preços.