Estudo publicado na Cancer, periódico da American Cancer Society, avaliou o risco de suicídio associado ao prognóstico do câncer, e se o impacto do prognóstico é maior em populações que já apresentavam maiores riscos de suicídio no baseline.
Os autores identificaram pacientes (≥16 anos) com câncer recentemente diagnosticado entre 2000 e 2019 no banco de dados de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais (SEERS), representando 27% dos cânceres nos Estados Unidos. Múltiplas razões de mortalidade primárias padronizadas (SMR) foram usadas para estimar o risco relativo de suicídio no período de 6 meses após o diagnóstico em comparação com a população geral dos EUA, ajustadas para idade, sexo, raça e ano de acompanhamento. As taxas de suicídio nos 20 sítios tumorais mais comuns foram comparadas com as respectivas taxas de sobrevida global em 2 anos (prognóstico) usando um modelo de regressão linear ponderado.
Resultados
Entre 6.754.704 pessoas diagnosticadas com câncer, ocorreram 1.610 mortes por suicídio dentro de 6 meses após o diagnóstico, três vezes maior do que a população em geral (SMR = 3,1; 95% CI, 3,0–3,3). O risco de suicídio por sítio tumoral foi intimamente associado ao prognóstico global (9,5%/percentual de déficit de sobrevida, R2 = 0,88, p < 0,0001).
A associação do prognóstico com o risco de suicídio tornou-se atenuada ao longo do tempo. Para os homens, o risco de suicídio aumentou em 2,8 mortes por suicídio por 100.000 pessoas-ano (p < 0,0001) versus 0,3 nas mulheres (p < 0,0001). O risco também foi maior para pessoas com ≥60 anos e para a raça branca (vs. negra).
“O pior prognóstico foi intimamente associado ao risco de suicídio logo após o diagnóstico de câncer e teve um efeito maior em populações com maiores riscos de suicídio no baseline. Este modelo destaca a necessidade de uma vigilância psiquiátrica reforçada e de investigação contínua nesta população de pacientes”, concluíram os autores.
Referência: Kinslow, CJ, Kumar, P, Olfson, M, et al. Prognosis and risk of suicide after cancer diagnosis. Cancer. 2023; 1-9. doi:10.1002/cncr.35118
