Onconews - PV-10 é promessa na pesquisa em melanoma

Melanoma_1_OK.jpgUma droga experimental identificada como PV-10 demonstrou papel importante na redução das células de melanoma e foi um dos destaques do encontro anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR), realizado em San Diego, Califórnia, de 5 a 9 de abril.

Estratégias de imunoterapia incorporando infiltração intralesional ablativa podem ser uma boa opção para elucidar uma dada resposta imune e foi essa a proposta do estudo translacional liderado por Shari Pilon-Thomas e Amod Sarnaik, do Moffitt Cancer Center, na Florida, EUA, apresentado na AACR este ano.

A pesquisa foi realizada simultaneamente em homens e em modelos murinos, com o objetivo de ajudar a compreender os mecanismos imunológicos de ação do PV-10, uma solução inicialmente desenvolvida como um agente para corar o tecido necrótico da córnea, para alvejar e destruir seletivamente as células cancerosas, sem prejudicar o tecido saudável circundante. No entanto, o PV-10 surpreendentemente também revelou outras propriedades.

Em um estudo de fase 2 aberto, o PV-10 já havia demonstrado que a injeção aplicada nas lesões cutâneas de pacientes em estadio III-IV com melanoma refratário a outros tratamentos produzia uma melhor taxa de resposta global por RECIST modificado (mRECIST) de 51%, com 26% de resposta completa e 25% de resposta parcial.

Agora, o estudo atual do grupo americano investiga o que levou a esse mecanismo de regressão do tumor. Os investigadores apresentaram dados obtidos a partir de oito amostras de biópsias que receberam o PV-10 de forma injetável. Os dados foram coletados sete e 14 dias após a injeção de PV10. Os estudos mostraram que a coloração imuno-histoquímica para o antígeno melan A (um marcador específico para melanoma) acusaram o desaparecimento completo de células de melanoma nos tumores injetados. As mudanças foram associadas ao aumento da população de CD3, CD4 e células CD8T entre as células do linfócito NKT, as chamadas Natural Killers T.

Outro achado veio das células T de um paciente, que foram purificadas e passaram a apresentar um aumento da expressão de interferon-gamma quando expostas ao tratamento de melanoma. “Ironicamente, o objetivo inicial do estudo para avaliar linfócitos infiltrantes de tumor foi frustrado quando biópsias coletadas apenas sete a 10 dias após a injeção de PV-10 não continham mais tecido tumoral viável", disse Pilon-Thomas.

Em um modelo murino de melanoma B16 os investigadores também mostraram que houve aumento significativo no número de células dendríticas (DC) nos linfonodos drenados do tecido, no mesmo lado que recebeu a injeção intralesional de PV-10.

Nenhuma mudança, no entanto, foi encontrada no número de DCs em linfonodos do lado que não recebeu a injeção de PV-10. “São resultados que sugerem que o tratamento do PV-10 leva à liberação de fatores de ativação das células dendríticas", escrevem os autores.

O grupo de pesquisa identificou, ainda, que em modelos B16 o agente PV-10 levou à liberação de HMGB1, conhecido por seu papel na ativação das células dendríticas.
Estudos já estão em andamento em mais sete pacientes para elucidar com mais clareza o mecanismo de ação do PV-10.

Referência: H Liu, K Kodumudi, A Weber, et al. Induction of anti-melanoma immunity after intralesional ablative therapy. AACR 2014, Abstract number 630.

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