A quimioterapia neoadjuvante com linfadenectomia em pacientes com carcinoma espinocelular de pênis localmente avançado é bem tolerada e ativa para reduzir a carga da doença e melhorar os resultados de sobrevida a longo prazo. É o que demonstra estudo de mendo real, internacional e multi-institucional publicado no Journal of National Cancer Institute (JNCI). Marcos Tobias-Machado (foto), urologista do Instituto do Câncer Dr. Arnaldo, em São Paulo, é coautor do trabalho.
Os pacientes incluídos no estudo tinham carcinoma espinocelular de pênis localmente avançado com metástase clínica em linfonodos tratados com pelo menos uma dose de quimioterapia neoadjuvante (NAC) antes da linfadenectomia consolidativa planejada. As taxas de resposta objetiva (ORR) foram avaliadas usando RECIST v1.1. Os endpoints primário e secundário foram sobrevida global e sobrevida livre de progressão, estimadas pelo método de Kaplan-Meier. Os eventos adversos relacionados ao tratamento (trAEs) foram classificados de acordo com os Critérios de Terminologia Comum para Eventos Adversos (CTCAE) v5.0.
Resultados
209 pacientes receberam quimio neoadjuvante para câncer de pênis localmente avançado e clinicamente positivo para linfonodos. A população do estudo consistiu em 7% de pacientes com doença estágio II, 48% estágio III e 45% estágio IV. Eventos adversos relacionados ao tratamento (TrAEs) de Grau 2 ocorreram em 35 (17%) pacientes e não foi observada mortalidade relacionada com o tratamento. 201 (97%) pacientes completaram linfadenectomia consolidativa planejada. Durante o acompanhamento, 106 (52,7%) pacientes morreram, com uma mediana de SG de 37,0 meses (IC 95% 23,8-50,1) e mediana de SLP de 26,0 meses (IC 95% 11,7-40,2).
A ORR foi de 57,2%, com 87 (43,2%) apresentando resposta parcial e 28 (13,9%) resposta completa. Os pacientes com resposta objetiva à quimioterapia neoadjuvante tiveram uma mediana de SG mais longa (73,0 vs 17,0 meses, p < 0,01) em comparação com aqueles que não responderam ao tratamento. A taxa de resposta patológica completa dos linfonodos (ypN0) foi de 24,8% na coorte.
“A quimioterapia neoadjuvante com linfadenectomia para pacientes com carcinoma espinocelular de pênis localmente avançado é bem tolerada e ativa para reduzir a carga da doença e melhorar os resultados de sobrevida a longo prazo”, conclupiram os autores.
Referência: Kyle M Rose, Rachel Pham, Niki M Zacharias, Filip Ionescu, Mahati Paravathaneni, Kathryn A Marchetti, Darren Sanchez, Arfa Mustasam, Reagan Sandstrom, Raghu Vikram, Jasreman Dhillon, Priya Rao, Amy Schneider, Lance Pagliaro, Constantine Alifrangis, Maarten Albersen, Eduard Roussel, Viraj A Master, Bassel Nazha, Cindy Hernandez, Kelvin A Moses, Chris Protzel, Jeffrey Montgomery, Martin Angel, Marcos Tobias-Machado, Philippe E Spiess, Curtis A Pettaway, Jad Chahoud, Neoadjuvant Platinum-Based chemotherapy and lymphadenectomy for penile cancer: an international, Multi-Institutional, Real-World study, JNCI: Journal of the National Cancer Institute, 2024;, djae034, https://doi.org/10.1093/jnci/djae034