Estudo brasileiro publicado no JCO Global Oncology buscou avaliar a indicação de radioterapia cerebral (BrRT) durante os cuidados de fim de vida. O trabalho tem como primeiro autor o oncologista Saulo Brito Silva (foto), da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, e mostra que avaliar quais pacientes podem se beneficiar da radioterapia cerebral (BrRT) ajuda a reduzir o sofrimento dos pacientes com tratamentos ineficazes, quando o manejo paliativo seria mais apropriado, além de otimizar a utilização de recursos, o que é especialmente importante em países com recursos limitados.
Neste estudo retrospectivo foram incluídos pacientes de quatro centros oncológicos independentes submetidos a BrRT para metástases. As variáveis incluídas foram o status de desempenho Karnofsky (KPS), local do tumor primário, status metastático, status sintomático neurológico, número e tamanho das metástases, envolvimento da fossa posterior ou meníngea, tipo de BrRT, ter sido submetido à metastasectomia cerebral e disponibilidade de terapias sistêmicas depois do BrRT. Os pacientes foram alocados em três subgrupos com ≤30, 31-60 e 61-90 dias de sobrevida, e um grupo controle de pacientes que sobreviveram >90 dias.
Silva e colegas descrevem que um total de 546 pacientes foram incluídos na análise. Um KPS <70 (P = 0,021), o número de metástases cerebrais (P = 0,001), a falta de metastasectomia cerebral (P = 0,006) e a falta de terapias sistêmicas após BrRT (P = 0,047) foram significativamente associados aos subgrupos EOL. A análise multivariada mostrou que um KPS <70 (P < 0,001), a falta de metastasectomia cerebral (P = 0,015) e a falta de terapias sistêmicas após BrRT (P = 0,027) foram significativamente associados a pior sobrevida. Ao todo, 241 (44,1%) pacientes morreram em 90 dias, 120 (22,0%) em 30 dias, 75 (13,7%) em 31-60 dias e 46 (8,4%) em 61-90 dias após BrRT. Pacientes com câncer colorretal tiveram probabilidade significativamente maior de morrer dentro de 90 dias após BrRT do que >90 dias.
“Considerar o performance status dos pacientes e se eles são candidatos à metastasectomia cerebral ou terapias sistêmicas após BrRT é fundamental para melhorar os benefícios da BrRT em cenários de EOL”, concluem os autores.
Além de Saulo Brito Silva, que é também o autor correspondente, o estudo tem participação de Rafael Balsini Barreto, Fernanda Cristina Gonçalves de Oliveira, Gabriela Schmidt Defende Martin, Ofelia Maria Yukie Takiguchi, Iasmin Alves Chirichela, Mário Henrique Furlanetto Miranda, Denize Bodnar, Luiz Augusto Alves Reis, Gabriel Clemente Brito Pereira, Isabela Lacerda Miranda, Bruno Rodriguez Pereira, Gustavo Viani Arruda e Fernanda Maris Peria
Referência: DOI: 10.1200/GO.23.00143 JCO Global Oncology no. 9 (2023) e2300143. Published online October 26, 2023. Saulo Brito Silva , PhD, MD1; Rafael Balsini Barreto, MD2; Fernanda Cristina Gonçalves de Oliveira, MD1; Gabriela Schmidt Defende Martin, MD1; Ofelia Maria Yukie Takiguchi, MD1; Iasmin Alves Chirichela, MD1; Mário Henrique Furlanetto Miranda, MD2; Denize Bodnar, MD2; Luiz Augusto Alves Reis, MD3; Gabriel Clemente Brito Pereira , MD3; Isabela Lacerda Miranda 4; Bruno Rodriguez Pereira, MD4; Gustavo Viani Arruda , PhD, MD1; and Fernanda Maris Peria , PhD, MD1. 1Department of Medical Imaging, Hematology, and Oncology; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brazil, 2Centro de Pesquisas Oncológicas—CEPON, Florianópolis, SP, Brazil, 3Hospital de Base do Distrito Federal—Universidade de Brasilia, Brasilia, Brazil, 4Hospital Aldenora Bello, São Luis, MA, Brazil