Onconews - RATIONALE-301: tislelizumabe em primeira linha no carcinoma hepatocelular irressecável

Figado NET OKO anti-PD-1 tislelizumabe pode representar uma opção de tratamento de primeira linha para pacientes com carcinoma hepatocelular irressecável, como mostram os resultados do estudo randomizado de Fase 3 RATIONALE-301 publicados no JAMA Oncology. “Tislelizumabe demonstrou não inferioridade na sobrevida global em comparação com sorafenibe, com respostas objetivas numericamente mais altas e mais duráveis”, destacaram os autores.

“O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma das principais causas de mortalidade relacionada com o câncer, e são necessários tratamentos adicionais de primeira linha. O inibidor de PD-1 tislelizumabe demonstrou eficácia e um perfil de segurança tolerável como tratamento de segunda linha no carcinoma hepatocelular”, contextualizaram os autores.

O ensaio clínico randomizado de fase 3, aberto, global e multirregional RATIONALE-301 incluiu adultos virgens de terapia sistêmica com CHC confirmado histologicamente, doença Barcelona Clinic Liver Cancer estágio B ou C, progressão da doença após (ou pacientes não elegíveis) terapia locorregional, performance status ECOG 1 ou menos e Child-Pugh classe A, entre 27 de dezembro de 2017 e 2 de outubro de 2019. O cutoff de dados foi 11 de julho de 2022.

Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber tislelizumabe 200 mg por via intravenosa a cada 3 semanas ou tosilato de sorafenibe 400 mg via oral duas vezes ao dia. O endpoint primário foi a sobrevida global (SG); os desfechos secundários incluíram taxa de resposta objetiva, sobrevida livre de progressão, duração da resposta e segurança.

Resultados

Foram incluídos na análise 674 pacientes (570 homens [84,6%]; mediana de 61 anos de idade [variação, 23-86 anos]). Em 11 de julho de 2022, o acompanhamento mínimo do estudo era de 33 meses. O endpoint primário de não inferioridade da sobrevida global de tislelizumabe versus sorafenibe foi alcançado na população com intenção de tratar (n = 674); a mediana de sobrevida global foi de 15,9 (95% CI, 13,2-19,7) meses versus 14,1 (95% CI, 12,6-17,4) meses, respectivamente (hazard ratio [HR], 0,85 [95 CI,003%, 0,71-1,02]) e a superioridade de tislelizumabe versus sorafenibe não foi atingida.

A taxa de resposta objetiva foi de 14,3% (n = 49) para tislelizumabe versus 5,4% (n = 18) para sorafenibe, e a mediana de duração da resposta foi de 36,1 (95% CI, 16,8 a não avaliável) meses versus 11,0 (95% CI, 6,2-14,7) meses, respectivamente. A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 2,1 (95% CI, 2,1-3,5) meses vs 3,4 (95% CI, 2,2-4,1) meses com tislelizumabe versus sorafenibe (HR, 1,11 [IC 95%, 0,92-1,33]).

A incidência de eventos adversos (EAs) emergentes do tratamento foi de 96,2% (325 de 338 pacientes) para tislelizumabe e 100% (n = 324) para sorafenibe. EAs relacionados ao tratamento de grau 3 ou superior foram relatados em 75 pacientes (22,2%) recebendo tislelizumabe e 173 (53,4%) recebendo sorafenibe. Houve uma menor incidência de EAs relacionados ao tratamento que levaram à descontinuação do medicamento (21 [6,2%] vs 33 [10,2%]) e modificação do medicamento (68 [20,1%] vs 187 [57,7%]) com tislelizumabe em comparação com sorafenibe.

“No estudo RATIONALE-301, tislelizumabe demonstrou um benefício de sobrevida global não inferior em comparação com sorafenibe, com uma taxa de resposta objetiva mais elevada e respostas mais duradouras, enquanto a mediana de sobrevida livre de progressão foi mais longa com sorafenibe. Além disso, tislelizumabe demonstrou um perfil de segurança favorável em comparação com sorafenibe”, concluíram os autores.

O estudo está registado em ClinicalTrials.gov, NCT03412773.

Referência: Qin S, Kudo M, Meyer T, et al. Tislelizumab vs Sorafenib as First-Line Treatment for Unresectable Hepatocellular Carcinoma: A Phase 3 Randomized Clinical Trial. JAMA Oncol. Published online October 05, 2023. doi:10.1001/jamaoncol.2023.4003