A revisão do sistema de estadiamento tumor, nódulo e metástase (TNM) de câncer de pulmão será publicada em 2016 pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC) e pela American Joint Committee on Cancer (AJCC). Durante a Conferência Mundial sobre Câncer de Pulmão 2015, Ramón Rami-Porta, do serviço de cirurgia torácica do Hospital Universitari Mutua Terrassa, em Barcelona, apresentou uma visão geral das mudanças propostas.
A 8ª edição vai melhorar a precisão do estadiamento e fornecer aos médicos novos dados para o tratamento dos pacientes.
As revisões serão baseadas em dados coletados pela Comissão de Estadiamento e Fatores Prognósticos da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC). O IASLC coletou uma extensa base de dados internacional de casos de câncer de pulmão de 94.708 pacientes diagnosticados entre 1999 e 2010, incluindo todos os tamanhos de tumor, comprometimento dos linfonodos e metástases.
"O novo banco de dados é muito mais rico em detalhes para permitir refinamentos na análise de diferentes descritores”, disse Rami-Porta. "A colaboração dos pacientes e organizações que contribuem para este projeto são cruciais para realizarmos progressos no estudo de câncer de pulmão em todo o mundo."
As mudanças propostas pelo IASLC Lung Cancer Staging Project’s para o estadiamento de tumores foram publicadas em julho, e as recomendações para nódulos e metástases foram publicadas no início deste mês no Journal of Thoracic Oncology. A revisão e o banco de dados de apoio serão apresentadas ao UICC e ao AJCC para avaliação e inclusão nos novos manuais de estadiamento, que serão publicados em 2016 e entrarão em vigor em janeiro de 2017.
"TNM é puramente anatômico", enfatizou Rami-Porta. "Trata-se de anatomia, e não contém fatores genéticos ou clínicos."
"No futuro, acredito que vamos incorporar a genética - e vai ficar muito complicado", comentou Everett Vokes, professor no John E. Ultmann e presidente do departamento de medicina da Universidade de Chicago.
O novo sistema de estadiamento vai abordar novas informações sobre os descritores do tumor, incluindo seu tamanho. "Cada centímetro conta. Ao analisar os dados, descobrimos que o tamanho T é um fator prognóstico ainda mais importante do que costumamos acreditar", disse Rami-Porta. "Nós já confirmamos que a invasão do diafragma tem um mau prognóstico - um prognóstico T4. Agora, através da incorporação de tumores maiores do que 7cm como T4 e invasão do diafragma como T4, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas em T3 e T4".
As propostas também refletem análises de significância prognóstica da carga tumoral em linfonodos hilares e mediastinais, e o impacto prognóstico da quantidade e localização anatômica dos tumores metastáticos.
As alterações incluem a classificação de uma única metástase em um único órgão distante como M1b e classificação como M1c de casos envolvendo múltiplas lesões metastáticas, em um ou vários órgãos distantes.
"A UICC acredita que é importante chegar a um acordo sobre informações precisas da extensão da doença para cada local, porque a descrição clínica precisa de neoplasias malignas e a classificação histopatológica pode servir para vários objetivos relacionados, inclusive para auxiliar o clínico no planejamento do tratamento, avaliação do prognóstico e resultado terapêutico, além de contribuir para a investigação contínua do câncer."
Referência: http://www.cancernetwork.com/wclc-2015/revised-tnm-classification-lung-cancer-offer-more-precise-staging?GUID=D58303BA-1F89-4E4A-88BE-B84C0893D14A&rememberme=1&ts=11092015