Para pacientes com leucemia linfoblástica aguda (LLA) portadores do cromossomo Filadélfia que recidivaram após transplante alogênico de célula-tronco hematopoiética (HCT), a taxa de sobrevida global em dois anos quase dobrou do período de 2000 a 2004 para o período entre 2015 e 2019. É o que revela estudo publicado na Clinical Cancer Research, publicação da American Association for Cancer Research.
“Novas estratégias terapêuticas foram recentemente aprovadas para esses pacientes, daí a importância de estudar e comparar os resultados clínicos entre diferentes períodos de tempo nos últimos 20 anos”, disse o primeiro autor, Ali Bazarbachi, diretor do Programa de Transplante de Medula Óssea da Universidade Americana de Beirute.
A LLA é uma malignidade hematológica agressiva. A presença do cromossomo Filadélfia (Ph+) é uma alteração genética recorrente encontrada em aproximadamente 30% dos casos adultos de LLA e está associada a pior prognóstico.
Nesta análise, Bazarbachi e colegas descrevem os resultados de um estudo multicêntrico retrospectivo que incluiu 899 pacientes adultos com LLA Ph+ recidivada após TCH alogênico durante um período de 20 anos (de 2000 a 2019).
Os autores identificaram uma melhora significativa na sobrevida global (SG) em dois anos após a recidiva, que aumentou de 27,8% nos pacientes que recaíram entre 2000 e 2004 para 54,8% naqueles que recidivaram entre 2015 e 2019.
Os resultados também revelam que a melhora da sobrevida foi observada apesar de um aumento significativo na idade do paciente no momento da recidiva (de 44 para 56 anos). “Isso torna nossos achados ainda mais impressionantes porque normalmente a sobrevida mais longa está associada a uma idade mais jovem no momento da recaída”, comentou Bazarbachi. “Esse efeito provavelmente se deve à maior eficácia das novas terapias alvo”, destacou.
Um segundo TCH alogênico dentro de dois anos após a recidiva foi realizado em 13,9 % dos pacientes, resultando em SG de 35,9% após dois anos do segundo transplante. A análise também mostrou diminuição progressiva na incidência da recidiva em dois anos a partir do segundo transplante (74% no período 2000-2004 e 33% no período 2015-2018).
“Nosso estudo representa a maior análise até o momento avaliando os resultados e as características de pacientes com LLA Ph+ recidivada após TCH alogênico e nossas descobertas provaram que a sobrevida desses pacientes melhorou significativamente ao longo do tempo”, disse Bazarbachi. “Esses dados do mundo real em larga escala podem servir como referência para futuros estudos nesse cenário”.
Referência: Bazarbachi, A. 20-Year Steady Increase in Survival of Adult Patients with Relapsed Philadelphia-Positive Acute Lymphoblastic Leukemia Post Allogeneic Hematopoietic Cell Transplantation. Clin Cancer Res January 12 2022 DOI:10.1158/1078-0432.CCR-21-2675