Sobreviventes de câncer de tireoide têm um risco aumentado para desenvolver um segundo câncer, de acordo com os resultados de um estudo publicado na edição de 1° de janeiro do Journal of the National Cancer Institute, do Reino Unido.
Pesquisadores liderados por Chung-Jen Teng, do Far Eastern Memorial Hospital, em Taiwan, encontraram uma associação para um risco aumentado de segunda neoplasia primária (SPM) e leucemia entre os sobreviventes de câncer de tireoide, especialmente os pacientes que foram tratados com doses de iodo radioativo (RAI) superiores a 150 mCi.
"Geralmente, RAI é normalmente administrado a uma dose de 30 a 100 mCi, e esta é considerada uma dose que não aumenta o risco de uma segunda neoplasia primária", disseram os pesquisadores. “Recomenda-se que menos pacientes recebam altas doses de RAI para o tratamento de câncer de tireoide; uma dose fixa baixa ou um método de dosimetria seriam estratégias mais favoráveis. Para aqueles cuja carga de doença exige uma dose mais elevada de RAI, sugerimos uma pesquisa mais aprofundada para investigar sintomas clinicamente suspeitos de uma segunda neoplasia primária", acrescentaram.
Em sua análise, Teng e colegas analisaram dados de pacientes com 20 anos ou mais, diagnosticados com câncer de tireoide. Os dados foram obtidos do Seguro Nacional de Saúde de Taiwan no período entre 1997 e 2010. Os pacientes não tinham história prévia de câncer.
Os pesquisadores identificaram 692 pacientes com uma segunda neoplasia primária entre mais de 20 mil pacientes com câncer de tireoide. Em comparação com a população geral, esses pacientes tiveram um aumento de risco estatisticamente significativo (SIR) para o desenvolvimento de câncer (SIR, 1.41 [95% CI, 1,31-1,52]; P<0,001). O risco de desenvolver uma segunda neoplasia primária foi maior em pacientes com idades entre 20 a 39 anos no momento do diagnóstico (SIR, 2.05 [95% CI, 1,54-2,65]).
Leucemia foi a segunda neoplasia primária mais frequentemente observada entre os sobreviventes de câncer de tireoide (SIR, 2.72 [95% CI, 1,65-4,28]). Também foram observadas taxas mais elevadas de linfoma não-Hodgkin (2,38), próstata (2,30), pulmão e mediastino (1,93), pâncreas (1,83), rins (1,81), mama (1,38) e colorretal (1,31).
Os pesquisadores também avaliaram fatores entre esses sobreviventes que possam prever seu risco aumentado para uma segunda neoplasia primária. Eles descobriram que a dose cumulativa de RAI e doses de radioterapia por feixe externo foram preditivas de todos os cânceres combinados.
O aumento da dose cumulativa de RAI por 30 mCi foi associado com um hazard ratio ajustado (HR) de 1,01 (P <0,001) para segunda neoplasia primária e 1,03 (P <0,001) para leucemia. Além disso, uma dose cumulativa maior de 150 mCi aumentou significativamente o risco dos sobreviventes para todos os tipos de câncer (HR ajustado, 1,30) e leucemia (HR ajustado, 6,03).
Referência: http://jnci.oxfordjournals.org/