Onconews - Tamanho da metástase do linfonodo sentinela é preditiva do envolvimento do linfonodo não-sentinela no câncer de endométrio

GLAUCO NET OKO cirurgião oncológico Glauco Baiocchi (foto), médico do A.C.Camargo Cancer Center e membro do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG), é o primeiro autor de estudo publicado no Annals of Surgical Oncology que analisou a relação entre o tamanho dos linfonodos sentinela (LNS) metastáticos e o risco de metástase de linfonodo não-sentinela (N-LNS) no câncer de endométrio.

O estudo considerou 328 pacientes com câncer de endométrio submetidos ao mapeamento de LNS entre janeiro de 2013 e abril de 2019; 142 pacientes também foram submetidos a dissecções dos nódulos pélvicos ± dos nódulos paraaórticos. Os linfonodos sentinelas foram examinados por imuno-histoquímica (IHC) quando a coloração com hematoxilina-eosina foi negativa.

Resultados

A idade média dos participantes do estudo foi de 60 anos. A taxa global de detecção de linfonodos sentinela foi de 87,5% e linfonodos sentinelas bilaterais foram observadas em 66,2%, com mediana de 2 LNSs ressecados (variação de 1 a 8). Vinte e nove (20,4%) casos apresentaram linfonodos sentinela positivos, com mediana de um LNS positivo. Em relação ao tamanho das metástases no linfonodo sentinela, 5 (3,5%) casos apresentaram células tumorais isoladas (ITCs), 13 (9,2%) apresentaram micrometástases e 11 (7,7%) apresentaram macrometástases.

Entre os 29 casos com linfonodos sentinela positivos, 14 (48,3%) apresentaram metástases em nódulos que foram detectadas após a imuno-histoquímica. Oito (27,6%) pacientes tiveram linfonodo não-sentinela (N-LNS) positivo, com uma contagem mediana de 7 nódulos positivos (variação de 2 a 23). Em relação ao tamanho das metástases de LNS, o envolvimento N-LNS não estava presente nos casos com ITC (0/5), mas estava presente em 15,4% (2/13) dos casos com micrometástases e 54,5% (6/11) dos casos com macrometástases. O único fator de risco para N-LNS positivos foi o tamanho da metástase do linfonodo sentinela.

“Os dados sugerem que o tamanho da metástase do linfonodo sentinela está associado ao risco de metástase linfonodo não-sentinela. Nenhum paciente com células tumorais isoladas em linfonodos sentinelas teve outro linfonodo metastático neste estudo”, concluíram os autores.

Fatores de risco de metástase para linfonodo não sentinela

Por Glauco Baiocchi

Recentemente a pesquisa do linfonodo sentinela (LNS) emergiu como uma estratégia aceitável para estadiamento do câncer do endométrio, mesmo para tumores de alto risco. Essa abordagem pode ajudar a diminuir as complicações relacionadas à linfadenectomia sistemática como lesão nervosa e vascular, linfocele e linfedema. Pode ainda detectar drenagens linfáticas não usuais e não contempladas na linfadenectomia habitual, e diagnosticar metástases linfonodais de baixo volume com o “ultrastaging” do LNS.

Apesar da boa sensibilidade do método em detectar a metástase linfonodal, há dados limitados na literatura no que se refere a fatores de risco para a presença de metástase para um linfonodo não sentinela (N-LNS), quando o LNS está comprometido.

O objetivo do artigo foi analisar a relação entre o tamanho da metástase do LNS e o risco de haver a metástase para N-LNS. De 348 pacientes submetidas ao protocolo do linfonodo sentinela para câncer do endométrio no A.C. Camargo Cancer Center, 142 também receberam linfadenectomia sistemática e foram objeto dessa análise.

A taxa de detecção global do LNS foi de 87.5% e em ambas hemipelvis de 66.2%. 29 (20,4%) tiveram metástase linfonodal no LNS – 5 (3.5%) células isoladas tumorais, 13 (9,2%) micrometástases e 11 (7,7%) macrometástases. 14/29 (48,3%) tiveram metástase detectada apenas após a imuno-histoquímica do LNS. Oito (27,6%) casos tiveram metástase para N-LNS.

Considerando o tamanho da metástase do LNS, foi encontrada metástase para o N-LNS em nenhum caso com células isoladas tumorais, 15,4% (2/13) dos casos com micrometástase e em 54,5% (6/11) dos casos com macrometástase do LNS.

Nosso estudo sugere que o tamanho da metástase do LNS está associado à presença de metástase do N-LNS. Nenhum caso com células isoladas tumorais no LNS apresentou também metástase para um N-LNS.”

Referência: Size of Sentinel Node Metastasis Predicts Non-sentinel Node Involvement in Endometrial Cancer - Glauco Baiocchi, MD, PhD1 , Henrique Mantoan, MD1 , Bruna Tirapelli Gonc¸alves, RN, MSc1 , Carlos Chaves Faloppa, MD, PhD1 , Lillian Yuri Kumagai, MD1 , Levon Badiglian-Filho, MD, PhD1 , Alexandre Andre Balieiro Anastacio da Costa, MD, PhD2 , and Louise De Brot, MD, PhD3 - Ann Surg Oncol https://doi.org/10.1245/s10434-019-08045-9