Estudo de revisão publicado no Journal of Geriatric Oncology analisou as evidências disponíveis sobre a eficácia e segurança das terapias-alvo aprovadas para o tratamento do câncer de mama e contextualizar seus eventos adversos na população idosa. O oncologista Noam Pondé (foto), do grupo de Câncer de Mama do A.C.Camargo Cancer Center é primeiro autor do trabalho, que conta com a participação de Evandro de Azambuja, chefe da Equipe de Suporte Médico no Instituto Jules Bordet, em Bruxelas, Bélgica.
Idosos são um dos subgrupos de pacientes com câncer de mama mais relevantes e ganham importância com a transição demográfica. Seu gerenciamento, tanto no cenário da doença inicial como avançado, deve levar em consideração necessidades clínicas específicas e é dificultado pela disponibilidade limitada de evidências sobre a eficácia e segurança dos regimes de tratamento padrão nessa população.
A falta de dados sobre segurança e eficácia desses os medicamentos em idosos é reflexo da baixa taxa de participação desses pacientes em ensaios clínicos, geralmente devido a limites de idade para inclusão e limitações à participação de pessoas com comorbidades significativas ou disfunção orgânica. “Embora nos últimos anos essa realidade tenha começado a mudar, a maioria dos agentes em uso atualmente não foi testada em um número substancial de pacientes idosos. Os dados que orientam o uso de terapia-alvo em pacientes idosos vêm de subanálises de estudos maiores ou de pequenos estudos de coorte retrospectivos”, afirmam os autores.
Entre os medicamentos considerados no trabalho estão agentes anti-HER2, inibidores de mTOR, antiangiogênicos, inibidores da PARP e inibidores de CDK 4/6.
Os pesquisadores observam que para avançar no aumento das opções disponíveis para o tratamento de pacientes idosos, são essenciais ensaios direcionados a essa população. “A integração da avaliação geriátrica em ensaios clínicos permitirá uma melhor compreensão dos participantes mais velhos. Além disso, o recrutamento em ensaios clínicos de pacientes idosos pode melhorar com as recomendações da ASCO e da Friends of Cancer Research initiative, que sugerem critérios de inclusão menos rigorosos para pacientes com disfunção orgânica, malignidades anteriores e comorbidades”, destacam.
“Estudos focados nesta população, como por exemplo um trabalho com ribociclib (RiBOB) liderado pela universidade de Leuven com participação dos dois autores desse artigo, são de fundamental importância, particularmente por incluírem avaliação geriátrica de todos os doentes – um elemento crítico e ainda frequentemente ausente no cuidado de pacientes idosos com câncer de mama no Brasil”, conclui Pondé.
Referência: Targeted therapy for breast cancer in older patients - Noam Pondé; Hans Wildiers; Ahmad Awada; Evandro de Azambuja; Coralie Deliens; Lissandra Dal Lago - https://doi.org/10.1016/j.jgo.2019.05.012 - Journal of Geriatric Oncology - Volume 11, Issue 3, April 2020, Pages 380-388