O tratamento com um inibidor de aromatase por 5 anos é o padrão de cuidados no câncer de mama positivo para receptores hormonais (RH+) na pós-menopausa. Estudo japonês que avaliou os efeitos de estender este tratamento para 10 anos reportou os resultados no Journal of Clinical Oncology (JCO), indicando que o tratamento prolongado com anastrozol melhorou significativamente a sobrevida livre de doença (SLD), mas não teve efeito significativo na sobrevida global ou SLD distante.
Este estudo randomizado de fase III (AERAS) incluiu múltiplos centros no Japão com o objetivo de avaliar o efeito de estender o tratamento com anastrozol por mais 5 anos em pacientes pós-menopáusicas livres de doença após tratamento com 5 anos de anastrozol isoladamente ou 2-3 anos de tamoxifeno seguido por 2-3 anos de anastrozol. Os autores descrevem que as pacientes foram randomizadas (1:1) para continuar o anastrozol por mais 5 anos ou interromper o anastrozol. O endpoint primário foi sobrevida livre de doença (SLD), incluindo recorrência do câncer de mama, segundo câncer primário e morte por qualquer causa.
Os resultados reportados por Iwase et al. no JCO revelam que entre novembro de 2007 e novembro de 2012 foram inscritos 1.697 pacientes. As informações de acompanhamento estavam disponíveis para 1.593 pacientes (n = 787 no grupo continuar, n = 806 no grupo parar), que foram definidos como o conjunto de análise completo, incluindo 144 pacientes previamente tratadas com tamoxifeno e 259 pacientes submetidas à cirurgia conservadora da mama sem irradiação.
As taxas de SLD em 5 anos foram de 91% (IC 95%, 89 a 93) no grupo que continuou a terapia estendida versus 86% (IC 95%, 83 a 88) no grupo que parou o tratamento (razão de risco, 0,61; IC 95%, 0,46 a 0,82; P < 0,0010). Os pesquisadores destacam que o tratamento prolongado com anastrozol reduziu a incidência de recorrência local (grupo continuar, n = 10; grupo parar, n = 27), assim como reduziu o risco de segundo câncer primário (grupo continuar, n = 27; grupo parar, n = 52). No entanto, não houve diferença significativa na sobrevida global ou SLD distante.
Em relação à segurança, os eventos adversos de todos os graus relacionados à menopausa ou a saúde óssea foram mais frequentes entre as pacientes do grupo de continuação, mas a incidência de eventos adversos de grau ≥ 3 foi <1% em ambos os grupos. No braço de intervenção, a densidade óssea foi controlada com bisfosfonatos orais.
Em conclusão, continuar o anastrozol adjuvante por mais 5 anos após 5 anos de tratamento inicial com anastrozol ou tamoxifeno seguido de anastrozol foi bem tolerado e melhorou a SLD. Embora nenhuma diferença na sobrevida global tenha sido observada, como em outros estudos, Iwase et al. mostram que a terapia prolongada com anastrozol pode ser uma escolha de tratamento em pacientes na pós-menopausa com câncer de mama positivo para receptores hormonais.
Este estudo está registrado no registro de ensaios clínicos da University Hospital Medical Information Network, Japão (UMIN) (UMIN000000818).
Referência: Iwase T, Saji S, Iijima K, Higaki K, Ohtani S, Sato Y, Hozumi Y, Hasegawa Y, Yanagita Y, Takei H, Tanaka M, Masuoka H, Tanabe M, Egawa C, Komoike Y, Nakamura T, Ohtsu H, Mukai H. Postoperative Adjuvant Anastrozole for 10 or 5 Years in Patients With Hormone Receptor-Positive Breast Cancer: AERAS, a Randomized Multicenter Open-Label Phase III Trial. J Clin Oncol. 2023 Apr 20:JCO2200577. doi: 10.1200/JCO.22.00577. Epub ahead of print. PMID: 37079878.