Estudo de coorte retrospectivo avaliou a resposta clínico-patológica a terapias neoadjuvantes e a resposta patológica completa (pCR) como biomarcadores de sobrevida no câncer de mama HER2 positivo (HER+). Os resultados foram reportados por Davey et al. na The Breast em acesso aberto e mostram que dados clínico-patológicos podem predizer pacientes que alcançam pCR no câncer de mama HER2+, assim como demonstram que pCR é um biomarcador adequado de sobrevida nesse contexto. Antônio Frasson (foto), mastologista do Hospital Israelita Albert Einstein, comenta os achados.
Foram incluídas consecutivamente 451 mulheres com diagnóstico de câncer de mama HER2+ tratadas cirurgicamente em uma única instituição, entre 2005 e 2015, com idade mediana de 56,6 ± 13,4 anos (variação de 23–95).
Os resultados reportados por Davey e colegas mostram que a sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG) foram de 82,3% (371/451) e 82,6% (376/451), respectivamente, (intervalo 3-184,0), em um seguimento mediano de 108 meses.
Da população avaliada, 118 mulheres receberam tratamento neoadjuvante (26,2%). Os dados clínico-patológicos (tamanho do tumor <50 mm (Odds Ratio (OR): 12,156, P = 0,023) e receptor de progesterona negativo (OR: 2,762, P = 0,008) foram preditores independentes de pCR de mama, enquanto carcinoma ductal (OR: 3,203, P = 0,030) e doença grau 3 (OR: 2,788, P = 0,018) foram preditores de pCR axilar. O pCR mamário e o axilar foram capazes de predizer tanto SLD (Hazard Ratio (HR): 0,470 e HR: 0,449) quanto SG (HR: 0,383 e HR: 0,307), cumprindo os principais endpoints. O pCR axilar foi preditor independente de melhor SG (HR: 0,326). Em síntese, pacientes que alcançaram pCR tiveram menor risco de recorrência do câncer de mama e mortalidade pela doença.
"O pCR é um biomarcador sensível e substituto, em relação ao estadiamento inicial, para os resultados de sobrevida no câncer de mama HER2+. Pacientes com probabilidade de atingir pCR podem ser identificados a partir de características clínico-patológicas tradicionais e parâmetros moleculares", afirmam os autores.
Frasson observa que o estudo incluiu pacientes no período de 2005-2015, com uma mediana de seguimento longa, de 108 meses, e confirma os achados prévios de que excelentes respondedoras, que atingem resposta patológica completa mamária e axilar, apresentam melhor prognóstico. “Um percentual relativamente baixo de pacientes com doença HER2 foram submetidas a neoadjuvância (26,2%).
Provavelmente, após os resultados de duplo bloqueio e da possibilidade de usar T-DM1 em ausência de resposta completa, hoje estes números seriam bem maiores”, avalia. “O estudo confirma melhores respostas em tumores menores, receptor de progesterona negativo, tipo ductal e grau 3 como melhores respondedoras”, conclui.
Referência: Davey, MT et al. Clinicopathological response to neoadjuvant therapies and pathological complete response as a biomarker of survival in human epidermal growth factor receptor-2 enriched breast cancer – A retrospective cohort study. The Breast, volume 59, 2021.