Dados atualizados de sobrevida global e segurança do estudo global TOPAZ-1 foram relatados por Do-Youn et al. no Lancet Gastroenterology and Hepatology, com resultados que continuam a apoiar o regime durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina como padrão de tratamento para pacientes com câncer avançado do trato biliar. A taxa de sobrevida global estimada em 24 meses confirmou o benefício da adição do anti PD-L1 durvalumabe em comparação com quimioterapia isolada (23,6% vs 11, 5%) como tratamento de primeira linha nessa população de pacientes.
Neste ensaio global, de fase 3, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo (NCT03875235), foram inscritos pacientes adultos (≥18 anos) com câncer do trato biliar irressecável, localmente avançado ou metastático, randomizados (1:1) para durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina ou placebo mais gemcitabina–cisplatina. Os pacientes elegíveis foram estratificados por estágio da doença e localização do tumor primário, a partir de 105 centros, em 17 países. O endpoint primário foi a sobrevida global.
Os participantes receberam durvalumabe (1500 mg) ou placebo no dia 1 de cada ciclo, a cada 3 semanas, por até oito ciclos, mais gemcitabina (1000 mg/m2) e cisplatina (25 mg/m2) por via intravenosa nos dias 1 e 8 de cada ciclo, a cada 3 semanas, por até oito ciclos, seguido por durvalumabe (1500 mg) ou monoterapia com placebo a cada 4 semanas, até progressão da doença ou outros critérios de descontinuação.
De 16 de abril de 2019 a 11 de dezembro de 2020, foram inscritos 914 participantes e 685 foram elegíveis, randomizados para o grupo durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina (n= 341) ou para o grupo placebo mais gemcitabina–cisplatina (n=344). O acompanhamento mediano foi de 23,4 meses (IC de 95% 20,6–25,2) no grupo de intervenção e de 22,4 meses (21,4–23,8) no grupo controle. A eficácia foi avaliada no conjunto completo de análise (todos os participantes randomizados). A segurança foi avaliada no conjunto de análise de segurança (todos os participantes que receberam pelo menos uma dose do tratamento do estudo).
No corte de dados atualizado (25 de fevereiro de 2022), a sobrevida global mediana foi de 12,9 meses [IC de 95% 11,6–14,1] vs 11,3 meses [10,1–12,5]; razão de risco de 0,76 [IC de 95% 0,64–0,91]) no grupo durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina versus o grupo placebo mais gemcitabina–cisplatina. A taxa de sobrevida global de 24 meses estimada por Kaplan–Meier foi de 23,6% (IC de 95% 18,7–28,9) no grupo durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina e de 11,5% (7,6–16,2) no grupo placebo mais gemcitabina–cisplatina.
Em relação ao perfil de segurança, eventos adversos de grau 3 ou 4 ocorreram em 250 (74%) de 338 participantes no grupo durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina e em 257 (75%) de 342 no grupo placebo mais gemcitabina–cisplatina.
Os eventos adversos mais comuns de grau máximo 3 ou 4 relacionados ao tratamento foram diminuição da contagem de neutrófilos (70 [21%] vs 86 [25%]), anemia (64 [19%] vs 64 [19%]) e neutropenia (63 [19%] vs 68 [20%]).
Em conclusão, durvalumabe mais gemcitabina–cisplatina mostrou benefício de sobrevida global robusto e sustentado como tratamento de primeira linha em comparação com quimioterapia isolada em pacientes com câncer do trato biliar avançado, sem novos sinais de segurança.