Onconews - Tratamentos de baixo custo reduzem mortalidade em câncer de mama precoce

BALANCO_MAMA_bx.jpgDois agentes já empregados individualmente no tratamento do câncer podem ser usados em conjunto para aumentar os benefícios e manejar efeitos colaterais em pacientes com câncer de mama precoce, na pós-menopausa. É o que demonstram os resultados de dois estudos publicados no Lancet na edição de 24 de julho, concluindo que o uso de bisfosfonatos e de inibidores de aromatase reduz o risco de recorrência do câncer de mama em mulheres na pós-menopausa e amplia significativamente as taxas de sobrevida.

"Essas duas meta-análises de dados individuais de pacientes em ensaios clínicos confirmam os benefícios do uso de inibidores de aromatase no tratamento adjuvante de mulheres na pós-menopausa com câncer de mama de uma maneira clinicamente importante e estatisticamente significativa, e sugerem um papel real para o uso de bisfosfonatos no tratamento adjuvante da mesma população de pacientes”, afirma o oncologista Gilberto Lopes, fundador do HCor Onco e diretor médico e científico do Grupo Oncoclínicas do Brasil.


Estudo de meta-análise a partir da base de dados do Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative Group (EBCTCG), incluiu dados de 18.766 mulheres em 26 estudos randomizados e comparou entre dois e cinco anos de bisfosfonatos contra nenhum bisfosfonato.

Para a população total do estudo, o único benefício claro do uso de bisfosfonatos foi uma redução de 17% na recorrência de câncer ósseo. No entanto, entre 11.767 mulheres na pós-menopausa o tratamento com bisfosfonatos produziu uma redução maior no câncer ósseo, de 28%, e também reduziu em 18% o risco de morte por câncer de mama durante a primeira década após o diagnóstico. O benefício parece ser independente do tipo de bisfosfonato, duração do tratamento e status do receptor hormonal.
 
Os resultados mostram que o uso adjuvante de bisfosfonatos em mulheres pós-menopáusicas pode impedir cerca de um quarto das recorrências de câncer ósseo e uma em cada seis mortes por câncer de mama na primeira década do tratamento. 

Terapia endócrina 

Outro estudo publicado no Lancet avaliou o papel dos inibidores de aromatase a partir dos dados de 30 mil mulheres pós-menopáusicas, em nove ensaios clínicos randomizados. A conclusão é de que cinco anos de tratamento com terapia endócrina com um inibidor de aromatase (AI) produz benefício de sobrevida superior em relação a cinco anos de terapia endócrina padrão (tamoxifeno).
 
Em comparação com tamoxifeno, o uso de inibidores de aromatase por cinco anos reduziu em 30% a probabilidade de recorrência do câncer de mama e em 15% o risco de morte ao longo da década após o início do tratamento. Os pesquisadores estimam que, em comparação com nenhum tratamento endócrino, os inibidores de aromatase podem reduzir em até 40% o risco de morte por câncer na primeira década após o início do tratamento.
 
São estudos que fornecem evidências de que tratamentos de baixo custo, simples e bem tolerados podem ajudar a reduzir a mortalidade por câncer de mama e agora devem ser considerados para uso rotineiro no tratamento de mulheres com câncer de mama precoce com menopausa natural ou induzida.
 
Referências: 1. Early Breast Cancer Trialists' Collaborative Group. Aromatase inhibitors versus tamoxifen in early breast cancer: patient-level meta-analysis of the randomised trialsLancet. 2015; (published online July 24.) .
 
2. Adjuvant bisphosphonate treatment in early breast cancer: meta-analyses of individual patient data from randomised trials