Publicado no JAMA Oncology, o estudo randomizado de Fase 2 UNICORN demonstrou que o tratamento de primeira linha com osimertinibe em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas com mutações incomuns do EGFR pode ser uma opção promissora, proporcionando melhora clinicamente significativa e um perfil de segurança manejável.
O câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutações incomuns de EGFR é um subgrupo raro que corresponde a cerca de 14% de todas as mutações de EGFR. Neste estudo, os pesquisadores buscaram determinar a eficácia de osimertinibe em pacientes não tratados previamente com CPNPC metastático com mutações incomuns de EGFR, excluindo mutações de inserção no éxon 20.
O ensaio clínico multicêntrico UNICORN (jRCTs071200002), aberto, de grupo único, de Fase 2, não randomizado, inscreveu pacientes entre 10 de abril de 2020 e 31 de maio de 2022, com acompanhamento de 6 meses a partir da data de inscrição do último paciente. O estudo incluiu 42 pacientes com mutações incomuns de EGFR, dos quais 40 foram elegíveis. Os pacientes receberam osimertinibe 80 mg, administrado via oral uma vez ao dia.
O endpoint primário foi a taxa de resposta global (ORR). Endpoints secundários incluíram taxa de controle da doença (DCR), sobrevida livre de progressão (PFS), tempo até falha do tratamento (TTF), sobrevida global (SG), duração da resposta (DoR) e segurança de osimertinibe. Os pacientes foram incluídos no estudo com base na intenção de tratar.
Resultados
Dos 40 pacientes elegíveis, 22 eram homens (55,0%) e a mediana de idade foi de 72 anos (variação de 39,0-88,0 anos). As mutações mais comuns foram G719X (20 [50,0%]), S768I (10 [25,0%]) e L861Q (8 [20,0%]). A taxa de resposta global foi de 55,0% (90% CI, 40,9%-68,5%) e a taxa de controle de doença foi de 90,0% (95% CI, 76,3%-97,2%). A mediana de sobrevida livre de progressão foi de 9,4 meses (95% CI, 3,7-15,2 meses) após um acompanhamento mediano de 12,7 meses (intervalo, 2,7-30,7 meses).
A mediana de tempo até falha do tratamento (TTF) foi de 9,5 meses (95% CI, 5,6-30,3 meses), a mediana de sobrevida global foi não alcançada (NR; 95% CI, 19,3 meses para NR) e a mediana de duração de resposta foi de 22,7 meses (95% CI, 9,5 meses para NR).
A taxa de resposta objetiva para pacientes com mutações incomuns de EGFR isoladas ou compostas foi de 45,5% (90% CI, 26,9%-65,3%) e 66,7% (90% CI, 43,7%-83,7%), respectivamente. A mediana de SLP para pacientes com mutações incomuns de EGFR isoladas ou compostas foi de 5,4 meses (95% CI, 3,6-22,7 meses) e 9,8 meses (95% CI, 5,1 meses para NR); e a mediana de SG para pacientes com mutações incomuns de EGFR isoladas ou compostas foi de 23,0 meses (95% CI, 12,3 meses para NR) e NR, respectivamente. A mediana de duração de resposta para pacientes com mutações incomuns de EGFR isoladas ou compostas foi de 22,7 meses (95% CI, 3,6-22,7 meses) ou NR (95% CI, 5,7 meses para NR), respectivamente.
Eventos adversos de grau 3 ou 4 foram relatados por 11 pacientes (27,5%) e 5 pacientes (12,5%) desenvolveram doença pulmonar intersticial. Todos os eventos adversos foram manejáveis e não houve mortes relacionadas ao tratamento.
Em síntese, osimertinibe mostrou atividade clínica com eventos adversos manejáveis em pacientes com CPNPC metastático sem tratamento prévio e mutações incomuns de EGFR, além das mutações de inserção no exon 20. “Os resultados apoiam o uso de osimertinibe como opção de tratamento para esta população de pacientes”, concluíram os autores.
Referência: Okuma Y, Kubota K, Shimokawa M, et al. First-Line Osimertinib for Previously Untreated Patients With NSCLC and Uncommon EGFR Mutations: The UNICORN Phase 2 Nonrandomized Clinical Trial. JAMA Oncol. Published online November 22, 2023. doi:10.1001/jamaoncol.2023.5013