Em artigo publicado no JAMA no dia 8 de maio o USPSTF apresenta suas novas recomendações sobre o rastreamento populacional para o câncer de próstata baseado em dosagens de PSA, em estudo que também avaliou subgrupos com maior risco, incluindo homens mais velhos, afrodescendentes e com histórico familiar para a doença. “Esta nova recomendação é de fundamental importância, pois reconsidera o grau D de 2012, que levou à diminuição dos exames de PSA, e teve como consequência o aumento de diagnósticos da doença em estágios mais avançados e com menor chance de cura”, avalia Lucas Nogueira (foto), coordenador de Oncologia Urológica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Após seguimento mediano de 13 anos, as conclusões mostram que programas de rastreamento populacional baseados em PSA em homens com idade entre 55 e 69 anos estão relacionados com estão relacionados com diminuição 1,3 mortes por câncer de próstata por 1000 homens. O número de homens rastreados (NNI) e diagnosticados (NND) necessários para a prevenção de cada óbito pela doença foi de 781 e 27, respectivamente. Além disso, foi demonstrado que programas de triagem também estão associados à prevenção de 3 casos de câncer de próstata metastático por 1000 homens, sendo neste caso 12 o NND para a prevenção de um caso de doença avançada.
Danos potenciais associados ao rastreamento são conhecidos e foram considerados na análise da USPSTF, incluindo frequentes resultados falso-positivos e impacto psicológico, além de disfunção erétil, incontinência urinária e sintomas intestinais associados ao tratamento. Cerca de 1 em cada 5 homens que se submetem à prostatectomia radical desenvolvem incontinência urinária a longo prazo e 2 em cada 3 homens experimentam disfunção erétil a longo prazo. “Além disso, a taxa de complicações associadas à biopsia variou de 0,5 a 1.6%. Outro fator negativo relacionado à prática é o overdiagnosis, que foi identificado entre 20,7% e 50,4% dos casos diagnosticados”, observa Lucas.
Assim, selecionar a população-alvo é fundamental em políticas de rastreamento. Para a USPSTF, o benefício do rastreamento baseado em PSA para o câncer de próstata é pequeno em homens com idades entre os 55 e os 69 anos. No entanto, a Task Force conclui “com certeza moderada” que o potencial benefício do rastreamento por PSA não supera os danos em homens com 70 anos ou mais e recomenda contra o rastreamento nessa população, baseado no não beneficio nesta faixa etária tanto no PLCO como no ERSPC.
Ao determinar se o rastreamento é apropriado neste cenário, a USPSTF recomenda que pacientes e médicos devem considerar o equilíbrio de benefícios e danos com base na história familiar, raça / etnia, condições médicas comórbidas, valores do paciente e outras necessidades de saúde.
Esta nova recomendação é de fundamental importância, pois reconsidera o grau D de 2012, o que levou a diminuição da prática pelo mundo, com menos casos diagnosticados e tratados, levando a auemtno de diagnóstico de doença em estágios mais avançados com menor chance de cura. Também evidencia o maior risco da doença naqueles com casos na família ou afro-descendentes.
A revisão da USPSTF está disponível em acesso aberto.
Referência: US Preventive Services Task Force. Screening for Prostate Cancer US Preventive Services Task Force Recommendation Statement. JAMA. 2018;319(18):1901–1913. doi:10.1001/jama.2018.3710