A United States Preventive Services Task Force (USPSTF) reafirmou sua recomendação contrária ao rastreamento de câncer de pâncreas em adultos assintomáticos (Recomendação D).1 A decisão foi baseada em uma revisão de evidências que avaliou os benefícios e danos da triagem, a precisão dos testes diagnósticos e os benefícios e malefícios do tratamento do câncer de pâncreas assintomático e/ou detectado por rastreamento. A declaração de recomendação foi publicada no JAMA Network.
A USPSTF não encontrou evidências de que o rastreamento do câncer de pâncreas ou o tratamento do câncer de pâncreas detectado por rastreamento melhore a morbidade ou mortalidade específica da doença ou a mortalidade por todas as causas. A Força-tarefa encontrou evidências adequadas de que a magnitude dos benefícios do rastreamento do câncer de pâncreas em adultos assintomáticos é limitada.
O USPSTF também encontrou evidências adequadas para classificar a magnitude dos danos da triagem para o câncer de pâncreas e o tratamento do câncer de pâncreas detectado por rastreamento como, pelo menos, moderada, com base em possíveis danos de resultados falso-positivos e os danos do tratamento.
Os autores também não encontraram evidências sobre a precisão dos exames de triagem baseados em exames de imagem (tomografia computadorizada [TC], ressonância magnética [RM] ou ultrassonografia endoscópica [EUS]) para detecção de câncer de pâncreas.
Com base na baixa incidência de câncer de pâncreas na população geral, na precisão incerta dos atuais testes de triagem e no mau prognóstico da doença, mesmo quando tratada precocemente, a USPSTF concluiu que não há novas evidências que justifiquem uma mudança na recomendação D anterior e reafirma sua conclusão de que os benefícios do rastreamento do câncer pancreático em adultos assintomáticos não superam os possíveis danos.
Segundo os autores, a recomendação não se aplica a pessoas com alto risco para a doença, o que inclui pessoas com certas síndromes genéticas herdadas ou história familiar de câncer pancreático.
Sobre o câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas é um tumor relativamente raro, com uma incidência anual ajustada por idade de 12,9 casos por 100 mil pessoas-ano. No entanto, a taxa de mortalidade é de 11 mortes por 100 mil pessoas-ano, devido ao mal prognóstico da doença2. Apesar da baixa incidência, o câncer de pâncreas é a terceira causa mais comum de morte por câncer nos Estados Unidos. Com o aumento da incidência da doença associado a melhorias na detecção precoce e tratamento de outros tipos de câncer, estima-se que o câncer de pâncreas possa se tornar, em breve, a segunda principal causa de morte por câncer nos Estados Unidos3.
Segundo dados Surveillance, Epidemiology, and End Results Program entre 2009 e 2015, a taxa de sobrevida global em 5 anos para o câncer de pâncreas é de 9,3%, e as taxas de sobrevida variam dependendo do estágio em que é diagnosticada. A taxa de sobrevida em 5 anos para câncer de pâncreas localizado é de 37,4%; quando a doença regional está presente, a taxa de sobrevida em 5 anos é de 12,4%, e na doença metastática a sobrevida em 5 anos é de 2,9%.2 A intervenção cirúrgica na doença em estádio inicial é o tratamento com maior probabilidade de melhorar as chances de sobrevida; no entanto, a maioria dos casos de câncer de pâncreas é detectada em estádios avançados,2 quando a ressecção cirúrgica provavelmente não é benéfica.
Referências:
1 - Screening for Pancreatic Cancer - US Preventive Services Task Force Reaffirmation Recommendation Statement US Preventive Services Task Force - JAMA. 2019;322(5):438-444. doi:10.1001/jama.2019.10232
2 – National Cancer Institute (NCI). Cancer Stat Facts: pancreatic cancer. NCI website. https://seer.cancer.gov/statfacts/html/pancreas.html. Accessed June 12, 2019.
3 - Rahib L, Smith BD, Aizenberg R, Rosenzweig AB, Fleshman JM, Matrisian LM. Projecting cancer incidence and deaths to 2030: the unexpected burden of thyroid, liver, and pancreas cancers in the United States. Cancer Res. 2014;74(11):2913-2921. doi:10.1158/0008-5472.CAN-14-0155