Editorial do Lancet de julho expõe em números o cenário global da vacinação contra o HPV. Apesar de eficaz e licenciada em 2006, a vacina só foi aprovada na China para meninas em julho deste ano, ilustrando os desafios da cobertura vacinal. Uma década depois, apenas 1,4% das mulheres no mundo têm acesso à imunização contra o papilomavírus humano (HPV).
Nos EUA, apesar da aprovação para meninas em 2006 e meninos em 2011, a adesão tem sido surpreendentemente baixa. Em 2014, apenas 37% das meninas receberam o curso de três doses em comparação com 13% dos meninos.
No Brasil, o cenário também preocupa. A vacina somente foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação do SUS em março de 2014, tendo como população-alvo as meninas de 11 a 13 anos de idade. Em 2015, a oferta da vacina foi ampliada para as meninas na faixa etária de 9 a 13 anos de idade.
O papilomavírus humano é responsável pelo câncer cervical, pela maioria dos cânceres anogenitais e também está implicado na etiologia de tumores de orofaringe, em homens e mulheres. De acordo com o editorial do Lancet, a prevalência mundial é de 11, 7% em mulheres, causando anualmente 4, 5% dos novos casos de câncer que acometem a população feminina.
O artigo esclarece que “equívocos” e “mal-entendidos” ajudam a compreender o quadro atual, como a crença de que a vacinação só é necessária para os indivíduos sexualmente ativos ou que vacinar pré-adolescentes pode estimulá-los à iniciação sexual. O trabalho reforça a importância de alertar pais, políticos e profissionais de saúde para a importância da vacina como forma segura e eficaz de prevenir diferentes tipos de câncer causados pelo HPV.
Referências: HPV vaccination: a decade on - The Lancet- DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(16)31206-5
Global estimates of human papillomavirus vaccination coverage by region and income level: a pooled analysis - Bruni L., Diaz M, Barrionuevo-Rosas L., Herrero R., Bray F., Bosch F.X., de Sanjose S., Castellsague X.
DOI: http://dx.doi.org/10.1016/S2214-109X(16)30099-7