A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro sanitário de enfortumabe vedotina (Padcev®) como nova opção de tratamento em pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado1. A decisão foi anunciada dia 23 de maio e é baseada nos resultados de eficácia e segurança desse novo agente terapêutico, o primeiro ADC (anticorpo conjugado a droga) aprovado nessa indicação.
Estudo global de Fase 3 (EV-301)2 que avaliou enfortumabe vedotina (EV) para o tratamento do carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático mostrou que EV prolongou significativamente a sobrevida global em comparação com a quimioterapia padrão em pacientes previamente expostos à quimioterapia baseada em platina e a um inibidor de PD-1 ou PD-L1.
Neste estudo, foram incluídos pacientes que progrediram durante ou após quimioterapia contendo platina e após o tratamento com inibidores de checkpoint (anti PD-1/PD-L1). Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber enfortumabe vedotina (na dose de 1,25 mg/kg nos dias 1, 8 e 15 em ciclos de 28 dias) ou quimioterapia de escolha do investigador (docetaxel, paclitaxel ou vinflunina), no dia 1 de um ciclo de 21 dias. O endpoint primário foi sobrevida global.
O estudo foi realizado em 191 centros, em 19 países da América do Norte, América do Sul, Ásia e Europa. Foram incluídos 608 pacientes, randomizados para receber enfortumabe vedotina (N= 301) ou quimioterapia (N=307). As características basais foram equilibradas entre os dois grupos, com idade mediana de 68 anos (variação de 30 a 88), 77,3% homens. Dos pacientes elegíveis, doença visceral estava presente em 77,7% do grupo enfortumabe vedotina e em 81,7% dos pacientes no grupo de quimioterapia.
Na análise interina de dados realizada em 15 de julho de 2020 havia um total de 301 mortes (134 no grupo enfortumabe vedotina e 167 no grupo quimioterapia). Após mediana de seguimento de 11,1 meses, a sobrevida global foi maior no grupo de enfortumabe vedotina comparado à quimioterapia (mediana de 12,88 versus 8,97 meses; HR = 0,70; redução de 30% no risco de morte; IC 95% = 0,56 a 0,89; P = 0,001). A sobrevida livre de progressão também foi maior no grupo tratado com enfortumabe vedotina (5,55 vs. 3,71 meses; HR = 0,62 - redução de 38% no risco de progressão ou morte; IC 95% = 0,51 a 0,75; P <0,001).
Em relação ao perfil de segurança, a incidência de eventos adversos relacionados ao tratamento foi semelhante nos dois grupos (93,9% no grupo enfortumabe vedotina e 91,8% no grupo quimioterapia). A incidência de eventos de grau 3 ou superior também foi semelhante (51,4% e 49,8%, respectivamente). Quando considerados os eventos adversos relacionados ao tratamento que resultaram em redução da dose, interrupção do tratamento ou retirada do tratamento, a ocorrência foi de 32,4%, 51,0% e 13,5% dos pacientes no grupo enfortumabe vedotina e em 27,5%, 18,9% e 11,3% no grupo quimioterapia, respectivamente.
“Enfortumabe vedotina prolongou significativamente a sobrevida global em comparação com a quimioterapia padrão em pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado que haviam recebido anteriormente tratamento à base de platina e um inibidor de PD-1 ou PD-L1”, concluem os autores.
ClinicalTrials.gov: NCT03474107.Assista sobre o mesmo assunto:
Os oncologistas José Maurício Mota e Maikol Kurahashi analisam o estudo EV-301. Assista:
Referências:
1. Diário Oficial da União - Resolução-RE nº 1.650, de 19 de maio de 2022 - Publicado em: 23/05/2022 | Edição: 96 | Seção: 1 | Página: 258
2. Powles T, Rosenberg JE, Sonpavde GP, Loriot Y, Durán I, Lee JL, Matsubara N, Vulsteke C, Castellano D, Wu C, Campbell M, Matsangou M, Petrylak DP. Enfortumab Vedotin in Previously Treated Advanced Urothelial Carcinoma. N Engl J Med. 2021 Mar 25;384(12):1125-1135. doi: 10.1056/NEJMoa2035807.