“A mensagem genética contida no DNA é formada por um alfabeto de quatro letras que correspondem aos quatro nucleotídeos: A, T, C e G”, explica o oncologista André Murad (foto), em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’. Confira.
Com essas quatro letras é preciso formar "palavras" que possuem o significado de "aminoácidos". Cada proteína corresponde a uma "frase" formada pelas "palavras", que são os aminoácidos.
Cada três letras (uma trinca de bases) do DNA corresponderia a uma "palavra", isto é, um aminoácido. Nesse caso, haveria 64 combinações possíveis de três letras, o que seria mais do que suficiente para codificar os vinte tipos diferentes de aminoácidos (matematicamente, utilizando o método das combinações seriam, então, 4 letras combinadas 3 a 3, ou seja, 43 = 64 combinações possíveis).
Os códons em um RNAm são lidos durante a tradução, começando com um códon de início e continuando até que um códon de parada é alcançado. Os códons de RNAm são lidos de 5' para 3', e especificam a ordem dos aminoácidos em uma proteína da região N-terminal (metionina) para a C-terminal.
O gráfico abaixo representa o decodificador universal e lista cada um dos 64 códons de mRNA possíveis e o aminoácido correspondente especificado por esse códon. Para usar o gráfico para traduzir o códon UGC, por exemplo, encontre a primeira letra (U) na linha indicada à esquerda. Siga essa linha à direita até chegar à segunda letra (G) indicada no topo; em seguida, encontre o aminoácido que corresponde à terceira letra (C) na linha à direita.
UGC especifica a inserção de cisteína. Cada aminoácido (exceto dois) tem dois ou mais códons que ordenam sua inserção, o que degenera o código. Um determinado aminoácido tende a ser codificado por códons relacionados. Esse recurso reduz a probabilidade de que as substituições de bases resultem em alterações na sequência de aminoácidos de uma proteína.
Os aminoácidos com propriedades semelhantes também tendem a se agrupar. Os aminoácidos com cadeias laterais ácidas são mostrados em vermelho, aqueles com cadeias laterais básicas em azul, aqueles com cadeias laterais polares não carregadas em verde e aqueles com cadeias laterais hidrofóbicas em marrom.
A decodificação na célula é realizada por tRNAs, alguns dos quais são ilustrados esquematicamente no lado direito da figura. A presença do códon de iniciação (AUG) é extremamente importante pois fornece o quadro de leitura em que o mRNA será traduzido. A trinca de iniciação AUG codifica a metionina. Três códons sinalizam o fim da tradução (UAA, UAG ou UGA) e são denominados de códons de parada ou terminação, nenhum tRNA reconhece esses códons. UAA, UAG e UGA são lidos como códons de parada. O RNA de transferência (tRNA) é uma cadeia curta de nucleotídeo RNA. Com uma estrutura em forma de L, o tRNA funciona como uma molécula "adaptadora" que traduz a sequência de códons de três nucleotídeos no mRNA no aminoácido adequado desse códon. Como a ligação entre os aminoácidos e os ácidos nucléicos, os tRNAs determinam o código genético.