O oncologista André Murad, diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP) e Diretor Clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, explica o que são mutações cromossômicas e suas diferentes classificações. Confira, em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’.
Por André Murad
Uma mutação cromossômica é uma modificação que altera a estrutura de um cromossomo individual, levando ao desequilíbrio envolvendo apenas uma parte de um cromossomo. As mutações cromossômicas podem ser classificadas como translocações, deleções, duplicações e inversões.
Translocações
A translocação cromossômica é uma transferência de segmentos entre cromossomas não homólogos.
Consequências: as translocações cromossômicas que levam ao câncer geralmente são realizadas de duas maneiras: formação da proteína de fusão oncogênica ou ativação do oncogene por um novo promotor ou intensificador.
Podem ser classificadas como:
Translocação simples – transferência de um segmento de um cromossoma para outro não homólogo;
Translocação recíproca – troca de partes entre dois cromossomas;
Translocação robertsoniana – os braços longos de dois cromossomas acrocêntricos ligam-se formando um único cromossoma, e os braços curtos são perdidos. Causada pelo cruzamento e quebra de cromossomas não homólogos ou pela perda dos telómeros.
Na translocação simples e na translocação recíproca, se não houver quebra de genes, o fenótipo não é afetado. A translocação robertsoniana dá origem à formação de cromossomos anormais que são transmitidos à geração seguinte nos gametas. Cerca de 4% das síndromes de Down estão associados a uma translocação robertsoniana entre o cromossoma 14 e o 21.
Deleções
Na deleção cromossômica ocorre a perda de uma porção de um cromossomo. Pode ocorrer nas zonas terminais ou intersticiais da molécula de DNA. A causa de uma deleção é o cruzamento de cromossomas e a quebra nos pontos de cruzamento, a que se segue uma reconstituição em que um segmento é eliminado.
Consequências: as deleções variam muito em tamanho, mas as maiores têm efeitos mais nefastos pois removem mais genes.
Duplicações
Na duplicação cromossômica, ocorre a existência de duas cópias de uma dada região cromossômica, frequentemente associada à deleção no correspondente cromossoma homólogo. Os efeitos variam em função da extensão e do tipo de informação repetida.
Inversões
Inversão cromossômica é a ocorrência de duas quebras em um cromossomo unifilamentoso durante a intérfase e a soldadura em posição invertida do fragmento ao restante do cromossomo de um segmento de DNA. A inversão pode ser paracêntrica (não inclui o centrómero) ou pericêntrica (inclui o centrômero).
As consequências de uma inversão dependem dos genes envolvidos. No caso de a inversão incluir parte de um segmento de DNA que codifica para uma proteína, esta será muito diferente e não funcional, na maioria das situações.