A 56ª reunião anual da American Society for Radioation Oncology (ASTRO) apresenta no Moscone Center, em San Francisco, os resultados dos 2.874 estudos e ensaios clínicos realizados em todo o mundo. A edição deste ano conta com cerca de 11 mil participantes e traz na programação científica 360 apresentações orais, 1.862 posters e mais de 50 sessões educacionais. Acompanhe os principais destaque desta 56ª ASTRO.
Radioterapia confirma benefício de sobrevida na Doença de Hodgkin
Pacientes com Doença de Hodgkin em estadios iniciais (I e II) tratados com radioterapia (RT) têm maior taxa de sobrevida estimada em 10 anos, de 84%, na comparação com os pacientes que não receberam RT (76%). No entanto, o mesmo estudo que aponta ganhos com o tratamento radioterápico mostra uma diminuição na utilização de RT na abordagem da Doença de Hodgkin.
O trabalho foi apresentado na 56ª ASTRO a partir de uma base de dados do National Cancer Database. Os pesquisadores avaliaram as características clínicas e os resultados de sobrevida de um total de 41.502 pacientes que tiveram diagnóstico de Doença de Hodgkin no período de 1998 a 2011, em fase inicial da doença (I e II). A idade média dos pacientes foi de 37 anos (intervalo: 18-90), com um período de acompanhamento médio de 7,5 anos.
A quimioterapia com múltiplos agentes foi administrada a 96% dos pacientes (39.842) e 49% (20.441) receberam radioterapia com uma dose média de 30,6 Gy. A sobrevida global em 10 anos no grupo tratado com RT foi superior, com vantagem estatisticamente significativa quando comparada com aqueles que não receberam RT (84,4% versus 76,4 %, P <0,00001). Além disso, a omissão de RT foi relacionada a maiores taxas de procedimentos de salvamento.
Apesar dos benefícios, a utilização da RT para pacientes em estadio inicial da Doença de Hodgkin diminuiu nos Estados Unidos, de 56% para 41% entre 1998 e 2011. Na maior parte dos casos (88,4%), o motivo alegado foi que a RT não fazia parte da estratégia de tratamento planejada. A pesquisa mostrou que o uso da RT é associado a pacientes mais jovens (≤40 anos), com alto nível socioeconômico e que tiveram seus tratamentos custeados por seguros de saúde ( p <0,0001).
"Vários estudos randomizados prospectivos demonstraram a melhora significativa no controle da doença com a radioterapia, mas este é o maior conjunto de dados nesta população de pacientes que demonstra benefício de sobrevida com a adição de RT", disse o líder do estudo Rahul R. Parikh, do Monte Sinai. " Diante do benefício demonstrado, a radioterapia deve ser considerada na abordagem da Doença de Hodgkin”, concluiu.
Referência: “Early-Stage Hodgkin's Disease: The Utilization of Radiation Therapy and Its Impact on Overall Survival,”